Ataques realizados por forças israelenses resultaram em pelo menos duas mortes em Rafah e ferimentos em três pessoas em Khan Younis, ambas localizadas no sul da Faixa de Gaza. Essa situação intensifica o temor entre a população palestina em relação à possibilidade de um colapso completo do cessar-fogo, especialmente após a imposição de um bloqueio total que impede a entrada de ajuda humanitária no enclave. A primeira fase do cessar-fogo, estabelecida em janeiro entre Israel e o grupo Hamas, chegou ao fim no último fim de semana, sem que houvesse um entendimento sobre os próximos passos.
O Hamas anunciou que uma segunda fase do cessar-fogo deveria ser iniciada imediatamente, visando uma retirada permanente das tropas israelenses e a conclusão do conflito. No entanto, a proposta de Israel consiste em uma prorrogação temporária até abril, condicionada à liberação de mais reféns pela organização em troca de prisioneiros palestinos, sem a inclusão de negociações sobre o futuro da região de Gaza durante esse período.
Autoridades do governo israelense relataram que mediadores solicitaram um prazo adicional para tentar resolver o impasse existente. No contexto atual, Israel implementou um bloqueio total à entrada de suprimentos em Gaza, incluindo alimentos e combustível, o que afeta a vida dos 2,3 milhões de habitantes que residem em meio a um cenário de destruição. Vários caminhões carregados com ajuda humanitária permanecem retidos no Egito, impedidos de entrar na região. Moradores relataram que os mercados ficaram praticamente vazios, com o custo de um saco de farinha mais que dobrando em questão de horas.
A preocupação com a situação alimentar é palpável. Salah al-Hajj Hassan, um residente de Jabalia, no norte de Gaza, expressou angústia ao questionar a fonte de alimento para sua família, afirmando que estavam sobrevivendo entre as ruínas de suas casas destruídas. A população local ressente a possibilidade de hostilidades recomeçarem, reforçada pela intensificação dos bombardeios e disparos de tanques israelenses nas fronteiras leste e sul da região na noite de domingo. Um representante palestino de um grupo aliado ao Hamas informou que um estado de alerta foi declarado entre os combatentes.
Relatos de médicos indicam que ataques aéreos israelenses, incluindo um drone em Rafah e um helicóptero em Khan Younis, resultaram em fatalidades e ferimentos. Em comunicado, o exército israelense justificou seus ataques, afirmando que naves estavam infringindo restrições de segurança.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou no domingo a aceitação de uma proposta de um enviado dos Estados Unidos para um cessar-fogo temporário durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã e a celebração da Páscoa judaica, com término previsto para cerca de 20 de abril. A implementação dessa trégua estaria sujeita à libertação da metade dos reféns, tanto vivos quanto mortos, no primeiro dia, enquanto o restante dependeria de novas negociações para um cessar-fogo duradouro. O Hamas, por sua vez, reiterou seu comprometimento com o cessar-fogo originalmente acordado, que deveria evoluir para uma fase de negociações para a paz permanente.
