As relações entre a Índia e o Paquistão estão se tornando cada vez mais tensas após um ataque fatal na região em disputa do Himalaia, em Jammu e Caxemira. O ataque resultou na morte de mais de 20 turistas, elevando os receios de um novo conflito militar entre as duas nações nucleares. O governo indiano tomou várias medidas, como a redução das relações diplomáticas com o Paquistão, a convocação do seu principal diplomata, a suspensão de um importante tratado de compartilhamento de água e o fechamento de uma passagem de fronteira, após o que foi classificado como o ataque mais mortal a civis na região em muitos anos. Das 26 vítimas, 25 eram cidadãos indianos, o que gerou uma nova onda de agitação em uma área reivindicada tanto pelo Paquistão quanto pela Índia, e que é historicamente marcada por violências territoriais.
O incidente ocorreu em Pahalgam, onde um grupo armado, identificado como The Resistance Front, assumiu a responsabilidade pelo ataque. Entretanto, o Paquistão negou qualquer envolvimento. Na terça-feira, homens armados dispararam contra turistas em uma área popular da Caxemira administrada pela Índia, causando a morte de 25 indianos e um cidadão nepalês. Os sobreviventes relataram momentos de terror, com os atiradores selecionando suas vítimas e, em algumas situações, fazendo acusações políticas antes de disparar.
Registros visuais do ataque, que mostram os corpos das vítimas e o desespero dos parentes, foram amplamente divulgados nas redes sociais, refletindo o sofrimento das famílias afetadas. O grupo The Resistance Front expressou seu descontentamento com a presença de “forasteiros” na Caxemira, citando uma transformação demográfica. As autoridades indianas responderam aumentando a presença policial e militar na região e intensificando as operações de busca pelos responsáveis. O TRF é um grupo relativamente novo que surgiu em 2019, se autodenominando uma força de resistência contra a ocupação considerada ilegal.
A Caxemira é uma das regiões de maior conflito no mundo, sendo reivindicada integralmente pela Índia e pelo Paquistão. A área tem sido um ponto central de disputas territoriais violentas por mais de 70 anos, resultando em três guerras entre os dois países. Uma linha de controle divide o território entre Nova Délhi e Islamabad. Nos últimos anos, as tensões aumentaram, especialmente após o governo indiano revogar a autonomia da região em 2019, colocando-a sob controle direto.
Apesar das declarações do governo indiano sobre uma redução do militante na área, os ataques ainda são recorrentes, levando a protestos e à repressão da mídia. Especialistas afirmam que o recente massacre expõe falhas na segurança em uma região com forte presença militar. O Paquistão, por sua vez, se reuniu para discutir os próximos passos após o ataque, enquanto Nova Délhi impôs novas restrições e expulsou conselheiros militares paquistaneses como medidas punitivas.
O fechamento de uma passagem de fronteira e a suspensão do Tratado das Águas do Indo são ações que sinalizam uma escalada nas tensões. O tratado, que está em vigor desde 1960, é considerado um dos poucos sucessos diplomáticos entre os dois países. A questão do uso da água é vista como uma questão crítica de segurança nacional para o Paquistão.
Após os ataques, milhares de pessoas se mobilizaram em protestos, refletindo as preocupações sobre o impacto no turismo, especialmente durante a alta temporada. Apesar da retomada das operações em escolas e negócios, a atmosfera na Caxemira permanece tensa. Protestos em apoio às vítimas ocorreram, enquanto manifestações anti-Paquistão aumentaram em várias cidades da Índia, elevando o temor de um aumento do sentimento anti-muçulmano.
As perspectivas de uma resposta militar da Índia são debatidas entre especialistas, que questionam quando e como isso ocorrerá. Análises indicam que o governo indiano pode se sentir pressionado a retaliar severamente, especialmente em resposta ao que é percebido como uma crescente ameaça. O aumento das capacidades militares da Índia desde 2019 sugere que o país poderia buscar alvos mais significativos na próxima vez que se sentir ameaçado. Contudo, analistas ressaltam que qualquer ação militar pode desencadear uma resposta semelhante do Paquistão, elevando o risco de uma escalada indesejada.
