A ala armada do Hamas anunciou, nesta quinta-feira, 20, que realizou disparos de foguetes contra Israel, representando a primeira ação desse tipo desde o colapso do cessar-fogo na Faixa de Gaza, que havia sido mantido desde janeiro e rompeu-se na terça-feira em decorrência de ataques aéreos. Simultaneamente, as forças israelenses intensificaram suas operações terrestres na região norte do território.
O Exército de Israel relatou a interceptação bem-sucedida de um dos foguetes disparados, enquanto outros dois atingiram áreas não habitadas. Alarmes de ataque aéreo foram acionados no centro de Israel, incluindo Tel Aviv, como resultado dos foguetes lançados de Gaza.
As Forças de Defesa de Israel informaram que, nas últimas 24 horas, estavam envolvidas em uma operação terrestre destinada a ampliar uma “zona de amortecimento” que separa as partes norte e sul de Gaza, conhecida como corredor Netzarim. As autoridades israelenses emitiram um alerta para que os moradores evitassem a estrada Salahuddin, a principal via de escape do norte para o sul, e foram aconselhados a se deslocarem em direção à costa.
Testemunhas, incluindo palestinos que tentaram usar a estrada Salahuddin para fugir dos bombardeios no norte da faixa, relataram que veículos estavam sendo alvejados por soldados israelenses. Um motorista de táxi afirmou que caminhões de obras, acompanhados por tanques, estavam se movendo para o oeste a partir de áreas próximas à cerca, orientadas a leste da estrada. Ele também mencionou a súbita retirada de inspetores egípcios e internacionais que estavam presentes na região sob o cessar-fogo.
Nas redes sociais, alguns moradores expressaram preocupação pelo desaparecimento de familiares, enquanto outros recorreram ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha para relatar essas ocorrências.
Na quarta-feira, o Hamas declarou estar comprometido em retomar o cessar-fogo, embora tenha reconhecido, nesta quinta-feira, que não houve progresso significativo, conforme informações de agências de notícias.
O primeiro dia de ataques aéreos, após dois meses de cessar-fogo, resultou na morte de mais de 400 palestinos, com o número de vítimas nos últimos três dias chegando a pelo menos 510, de acordo com um porta-voz do Ministério da Saúde na região. Este órgão não distingue entre civis e combatentes, mas ressaltou que mais da metade das vítimas são mulheres e crianças.
Os bombardeios recentes afetaram severamente a estrutura administrativa do Hamas, resultando na morte de vários de seus líderes, incluindo a principal figura do governo e responsáveis pelos serviços de segurança.
Mesmo enfraquecido, o Hamas não havia respondido até esta quinta-feira, apesar de declarações do primeiro-ministro israelense indicando que a recente ofensiva era apenas o começo de uma nova fase. A razão para essa aparente inação pode ser tanto uma estratégia de espera quanto uma limitação na capacidade militar do grupo.
O Hamas qualificou a incursão terrestre pelas forças israelenses no corredor Netzarim como uma nova e grave violação do cessar-fogo. O grupo reiterou seu compromisso com o acordo e solicitou que os mediadores, incluindo Estados Unidos, Egito e Catar, assumissem suas responsabilidades.
Antes do início dos ataques, a fase 1 do cessar-fogo havia terminado no início do mês. O Hamas buscava avançar para uma segunda fase, que envolveria negociações para um término permanente do conflito e a retirada total das tropas israelenses de Gaza, em troca da libertação de reféns israelenses por parte dos militantes. Em resposta, Tel Aviv propôs apenas uma extensão temporária da primeira fase do cessar-fogo, cortando suprimentos para pressão, mas sem sucesso. O primeiro-ministro Netanyahu justificou a retomada das operações militares como um meio de forçar o Hamas a libertar os reféns ainda em sua posse.
