O Brasil enfrenta um consenso acerca da crise em sua educação, embora haja quatro principais divergências: as causas dessa crise, suas consequências, as metas a serem estabelecidas e os métodos para atingi-las. Segundo dados da Unesco, o país ocupa a 72ª posição entre 125 nações avaliadas, enquanto no estudo do Pisa ocupa o 57º lugar entre 79 países. Cerca de 10 milhões de adultos no Brasil não conseguem ler, e a maioria daqueles que o fazem não compreende ou analisa adequadamente os textos. Aproximadamente 100 milhões de brasileiros não estão preparados para os desafios do mundo moderno. Essa situação é acentuada pela desigualdade brutal que se manifesta em oportunidades educacionais, dependendo da renda e da localização. O reconhecimento desse quadro não gera controvérsias.
Embora muitos acreditem que o problema educacional é uma consequência natural da história e das características populacionais, outros o veem como uma conspiração das elites. Alguns consideram a questão educacional uma mera problemática social. No entanto, limitar essa visão a uma perspectiva social obscurece a realidade, pois a ineficiência educacional é um entrave significativo ao progresso desejado. A análise é clara e direta: as questões estruturais do Brasil, como baixa produtividade, pobreza, desigualdade, violência e racismo, têm raízes profundas na qualidade insuficiente e na desigualdade da educação básica.
Entre aqueles que já reconhecem os graves problemas da educação e se preocupam com suas repercussões, existe divisão sobre quais metas são necessárias para garantir uma educação de qualidade acessível a todos. Há ceticismo sobre a possibilidade de elevar a educação brasileira a níveis de excelência mundial. A adesão a um objetivo ambicioso que inclua a alfabetização rigorosa, a fluência em pelo menos um idioma estrangeiro e a promoção do interesse nas artes e em debates enriquecedores sobre filosofia, política, história e geopolítica ainda é limitada. A educação é fundamental para promover indignação diante da pobreza e da desigualdade, capacitar o uso de ferramentas digitais, garantir a formação em ao menos uma profissão e fomentar a solidariedade.
Além do reconhecimento da crise educacional, é necessário superar as divergências sobre como alcançar melhorias. Muitos consideram que o Brasil já está em um caminho de progresso, esperando resultados de ações tímidas adotadas ao longo de décadas, como programas de livros didáticos e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Por outro lado, muitos afirmam que, embora esses programas tragam avanços, não são suficientes para promover as mudanças qualitativas e equitativas necessárias. Para que isso ocorra, propõe-se a nacionalização da educação básica, criando um sistema federal nacional que assegure que todas as escolas públicas ofereçam um padrão de alta qualidade, similar ao já existente nas instituições federais. A magnitude dos desafios a serem enfrentados é imensa.