terça-feira, fevereiro 4, 2025
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Contradições na trajetória de Donald Trump

Donald Trump declarou que exigirá a diminuição das taxas de juros nos Estados Unidos. Essa medida faz parte de sua promessa de “tornar a América grande novamente”.

Trump já manifestou e reiterou sua intenção de reduzir impostos, aplicar tarifas alfandegárias elevadas, desregulamentar a economia, estimular o crescimento e combater a inflação. Ele também se comprometeu a impor restrições à imigração e deportar 12 milhões de imigrantes indocumentados, além de ampliar o setor secundário, especialmente a produção de petróleo, criar empregos na indústria e diminuir o desemprego.

Ele conta com o apoio fervoroso de líderes do setor de tecnologia, como Elon Musk, agora secretário de governo, além de Mark Zuckerberg, Jeff Bezos e Sam Altman. Esses indivíduos, entre outros, contribuíram substancialmente para sua campanha e marcaram presença na cerimônia de posse.

Entretanto, há aspectos problemáticos nessa abordagem. A redução das taxas de juros, a ameaça à autonomia do Banco Central, a diminuição de impostos, o aumento das tarifas e a desregulação da economia podem, na verdade, agravar a inflação. Embora o desemprego nos Estados Unidos esteja em seus níveis mais baixos em cinco décadas, a real questão reside nos problemas sociais causados pela transferência de empregos operacionais. É notável a ausência dos executivos de grandes indústrias, como GM, Ford, GE ou Caterpillar, na posse.

Os imigrantes têm um papel essencial em vários setores, especialmente na agricultura, saúde e tecnologia. Trump pretende promover o crescimento ao desarticular 3,5% da força de trabalho. De acordo com o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA, em 2023, 28% da mão de obra na extração de petróleo e gás era composta por hispânicos, muitos dos quais são imigrantes ilegais. A proposta de Trump de aumentar a produção de petróleo se dá com a intenção de reduzir o número de trabalhadores.

O Vale do Silício, cujos líderes estavam presentes na posse, não consegue operar sem imigrantes qualificados. Elon Musk chegou a ameaçar “entrar em guerra” em relação aos vistos para imigrantes com alta formação, levando Trump a recuar, enquanto Steve Bannon continua a criticar os “oligarcas” do Vale do Silício, que seriam favoráveis ao “globalismo” e à imigração “em massa”.

Esses são apenas alguns exemplos das contradições presentes. Trump se posiciona como um populista, afirmando o que acredita que sua base eleitora deseja ouvir, mesmo que suas declarações sejam contraditórias em curtos períodos de tempo. Mais cedo ou mais tarde, é evidente que os eleitores irão perceber que foram enganados.

No entanto, enquanto essa percepção ocorrer apenas mais tarde, isso parece ser aceitável.

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