A possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidar o deputado Guilherme Boulos para assumir um cargo na Esplanada dos Ministérios intensificou a divisão entre os membros do PSOL na Câmara dos Deputados. Essa rixa interna já levou à demissão de um assessor da liderança do partido e a discussões acaloradas. A eventual nomeação de Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência poderia elevar as divergências a um novo nível. Parte dos membros do PSOL se opõe a essa participação no governo, argumentando que o diretório nacional do partido estabeleceu uma posição de independência.
A deputada federal Fernanda Melchionna destacou que a possível contribuição do PSOL ao governo contraria uma resolução aprovada em dezembro de 2022, que estipula que o partido apoiará as ações do governo Lula voltadas para a recuperação de direitos sociais e interesses populares, mas não aceitaria ocupar cargos na administração. Melchionna enfatizou que a indicação de Sonia Guajajara para o ministério dos Povos Indígenas foi feita pelo movimento indígena independente, e não pelo partido.
Dentro do PSOL, o grupo liderado por Boulos representa a facção pró-governo, predominante entre os membros, embora coexistam correntes que se opõem ao que consideram um “adesismo”. Os críticos dessa postura minoritária também expressam insatisfação em relação à falta de alternância nos cargos de liderança da bancada. Um episódio notório dessa divisão ocorreu com a demissão de um economista que exercia função na liderança do PSOL e que era crítico da política econômica do governo Lula. Durante a votação que culminou em sua demissão, houve desentendimentos entre os parlamentares. Até o momento, Boulos e a presidente do PSOL, Paula Coradi, não se manifestaram sobre a situação. O espaço permanece disponível para comentários.
