A realização da COP30 no Brasil ocorre em um contexto marcado por novos dados climáticos, que indicam que 2024 se tornou o ano mais quente já documentado, superando o recorde anterior de 2023. Além disso, pela primeira vez, a média global de temperatura ultrapassou o limite de 1,5 °C de aumento, um parâmetro que os países se comprometeram a evitar no Acordo de Paris, assinado em 2015. Especialistas alertam que estes dados são preocupantes, embora ainda não se possa afirmar categoricamente que uma nova fase de aquecimento global começou, pois as análises se baseiam em séries históricas longas. Entretanto, a tendência crescente exige atenção e ações de mitigação e adaptação.
Eventos climáticos extremos observados em 2024 podem ser um indicativo do que poderá se tornar comum caso o aumento da temperatura global ultrapasse 1,5 °C ao longo do tempo. Estudos mostram que uma série de desastres naturais, como ondas de calor, secas, tempestades intensas e incêndios florestais, se intensificaram à medida que a temperatura mundial se elevou. Essa realidade demanda uma adaptação a esses fenômenos, uma vez que a população global não está preparada para a frequência e severidade desses eventos.
No Brasil, o impacto das mudanças climáticas também foi evidente, com o país enfrentando desastres como as enchentes no Rio Grande do Sul e a seca extremas em estados da região Norte. A necessidade de desenvolver estratégias de adaptação para esta nova realidade climática é urgente. Especialistas ressaltam que países com maior riqueza, como os Estados Unidos, enfrentam dificuldades em gestionar incêndios florestais, indicando que nações com menos recursos podem ser ainda mais vulneráveis.
No entanto, é crucial que as estratégias de adaptação climática andem lado a lado com a redução das emissões de gases de efeito estufa, que são as principais responsáveis pelo aquecimento global. No Brasil, as emissões resultantes do desmatamento e da agricultura também desempenham um papel significativo. A adoção de ações de mitigação imediatas é fundamental para evitar um agravamento da situação climática no futuro.
De acordo com especialistas, se não forem tomadas medidas para conter as emissões de gases de efeito estufa, os efeitos do aquecimento de 1,5 °C poderão ser apenas o início de uma crises mais profundas. Um aumento de temperatura até 2,5 °C em 2050 acarretaria consequências irreversíveis, como a perda praticamente total dos recifes de corais, redução significativa da cobertura florestal da Amazônia e a liberação massiva de gases poluentes na atmosfera.
Entretanto, os especialistas também apontam que há grandes desafios para alcançar uma redução rápida e coordenada do uso de combustíveis fósseis. O impacto econômico e a necessidade de substituir a infraestrutura existente são barreiras significativas. Embora a convenção climática seja um processo lento e imperfeito, sua importância é reconhecida; sem ela, o aumento da temperatura global poderia ser ainda mais extremo.
A complexidade das questões climáticas exige um esforço conjunto de todos os países, com a necessidade urgente de um diálogo e uma ação multilateral eficaz. A participação global é essencial para a definição e implementação de políticas que visem reduzir os impactos das mudanças climáticas e promover um futuro sustentável.