Na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil anunciou que a taxa Selic, que representa a taxa básica de juros, foi elevada em 1 ponto percentual, passando de 13,25% para 14,25% ao ano. Essa decisão foi unânime entre os nove membros do comitê e já era prevista pelo mercado, conforme registrado na ata da reunião anterior realizada em janeiro. Com esse aumento, a Selic atinge seu maior nível desde outubro de 2016, quando estava na mesma percentagem. O Copom também indicou que uma nova elevação da taxa pode ocorrer em maio, embora em uma quantidade menor, dependendo de como as condições econômicas se desenrolarem.
Nesse contexto, a expectativa de analistas consultados pelo Boletim Focus é que a taxa Selic atinja 15% até o final do ano. Importante destacar que, em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve um aumento de 1,31%, registrando a maior variação para o mês em 22 anos. No acumulado, a inflação atinge 5,06%, superando em mais de um ponto percentual a meta com margem de tolerância de 4,5%. A previsão é de que o IPCA chegue a 5,66% até o final de 2025. O Copom observou que os preços estão apresentando uma reação dinâmica.
De acordo com um analista de investimentos, este cenário sugere uma possibilidade de aumentos menores na taxa Selic no futuro. A perspectiva é que, se os preços se estabilizarem, os aumentos provavelmente continuarão, mas de forma menos acentuada. A diretoria do Banco Central considerou que o cenário atual se caracteriza por expectativas inflacionárias desancoradas, previsões elevadas para os preços, resiliência da atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que requer uma postura monetária mais restritiva.
Desde a última reunião do Copom, as expectativas do mercado em relação à inflação se mantêm desancoradas, uma preocupação para a instituição. Para 2026, as expectativas para a inflação passaram de 4,22% para 4,48%. No entanto, as projeções do Banco Central para a inflação em 2025 foram ligeiramente melhoradas, de 5,2% para 5,1%, com base em um cenário de referência que utiliza previsões de mercado relacionadas à taxa de juros. Para o terceiro trimestre de 2026, a estimativa teve uma pequena redução, passando de 4% para 3,9%.
Essas previsões consideraram uma taxa de câmbio inicial de R$5,80, inferior aos R$6,00 utilizados na reunião de janeiro. O centro da meta de inflação para os próximos anos será mantido em 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Em relação à política fiscal, o Banco Central continua a monitorar atentamente como as ações nessa área afetam a política monetária e os ativos financeiros, ressaltando que a percepção do mercado sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida impacta significativamente os preços dos ativos e as avaliações dos agentes econômicos.
Além disso, o Banco Central mencionou que as medidas de contenção de gastos propostas pelo governo, avaliadas como insuficientes pelos analistas para estabilizar a dívida pública, passaram por uma aprovação parcial no final de 2024 pelo Congresso, que enfrenta dificuldades na votação do Orçamento deste ano, que ainda não foi aprovado.
No cenário internacional, o Banco Central dos Estados Unidos decidiu manter sua taxa básica de juros na faixa de 4,25% a 4,50%, com autoridades do banco indicando a previsão de um possível corte de 0,50 ponto percentual até o final do ano, embora com ressalvas sobre incertezas. O Banco Central do Brasil, também em seu comunicado, abordou o ambiente externo desafiador, mencionando a incerteza relacionada à política comercial dos Estados Unidos e seus potenciais impactos. Assim, a avaliação é que as circunstâncias globais requerem cautela dos países emergentes.