A Divisão de Processos Administrativos da Corregedoria da Polícia Civil está conduzindo uma investigação sobre a conexão de um número significativo de policiais com empresários do setor de combustíveis, que estão sendo analisados devido a supostas ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC). O inquérito, que se concentra na acusação de associação criminosa e está sob sigilo, teve início após uma operação de busca e apreensão revelar contatos de agentes de segurança em locais na Zona Norte de São Paulo, relacionados a Mohamad Hussein Mourad, Renato Steinle de Camargo e Silvana Correa, que supostamente administram a empresa de combustíveis Copape.
Mohamad, Renato e Silvana foram alvo de denúncias resultantes da Operação Cassiopeia, que foi iniciada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Piracicaba, vinculado ao Ministério Público de São Paulo. Durante uma das etapas desta operação, os investigadores descobriram um caderno contendo mais de 70 contatos de policiais. Essas informações foram transmitidas à Corregedoria da Polícia Civil para análise.
No dia 21 de março de 2023, agentes do Gaeco, juntamente com a Receita Federal, chegaram ao endereço onde Mohamad e sua namorada, Silvana, residiam, por volta das 6h. Aproximadamente duas horas antes da chegada dos investigadores, o casal havia deixado a residência com bagagens, utilizando dois veículos distintos. Os autores da operação, que suspeitam que houve vazamento de informações sobre a ação, visualizaram a fuga em gravações provenientes das câmeras de segurança do edifício.
Apesar da ausência dos alvos no momento da operação, a busca e apreensão foram realizadas com sucesso. Evidências significativas foram coletadas, embora tenham sido perdidos outros itens, como os celulares pessoais de Mohamad e Silvana, que poderiam ter fornecido informações cruciais para a investigação.
Desde julho do ano passado, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) suspendeu as autorizações de funcionamento da empresa Copape. Um recurso apresentado pela empresa, visando retomar as atividades, foi analisado na última quinta-feira, mas a ANP decidiu, de forma unânime, manter a proibição. Mohamad Mourad, que se apresenta como “consultor” da Copape, é indicado pelo Ministério Público como um dos proprietários da empresa, que opera uma rede de postos de combustíveis sob a alegação de utilização de “laranjas”.
As autoridades responsáveis têm intensificado as medidas contra a clandestinidade no setor de combustíveis, além das autuações feitas pela ANP e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A Polícia Federal está conduzindo uma investigação a mando do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que funcionará como um “inquérito guarda-chuva”, visando fornecer informações que integrem o trabalho das polícias estaduais. Essa atuação foi explicitada em uma reunião do Núcleo de Combate ao Crime Organizado, realizada recentemente.