A Justiça Eleitoral condenou três políticos por abuso de poder econômico e político na condução de campanhas eleitorais. O deputado federal Carlos Roberto Rodrigues, conhecido como Bebeto, o deputado estadual Valdecy da Saúde e o ex-prefeito Doutor João foram implicados na utilização de uma quadrilha que organizava encenações nas ruas durante as eleições municipais. O objetivo destas atuações era difamar candidatos adversários. Em consequência, a inelegibilidade do trio foi estabelecida por um período de oito anos, a partir de 2024, ano em que os delitos ocorreram. A sentença foi proferida pela juíza Renata Travassos Medina de Macedo, da 88ª Zona Eleitoral de São João de Meriti, local de residência dos envolvidos.
A investigação conduzida pela Polícia Federal resultou na denúncia do grupo. Segundo as autoridades, os atores contratados pela equipe de campanha simulavam encenações em São João de Meriti, disseminando informações falsas sobre seus oponentes nas eleições. O objetivo era propagar essas notícias enganosas entre os eleitores, com o intuito de enfraquecer a oposição nas urnas.
Durante o pleito municipal, Valdecy da Saúde disputou a prefeitura, tendo Bebeto como seu candidato a vice, com o apoio do então prefeito Doutor João. A juíza que assinou a decisão destacou que as evidências apresentadas mostraram um esquema organizado de abuso de poder, que incluía coação de servidores, pagamentos irregulares e a disseminação coordenada de informações falsas.
A operação, denominada “Teatro Invisível”, expôs o funcionamento de uma organização criminosa disfarçada como administração pública, que utilizava táticas de desinformação e propaganda negativa para comprometer o processo eleitoral, beneficiando um dos candidatos. Essa análise faz parte da ação realizada pela Polícia Federal.
A investigação da PF não se limitou a São João de Meriti. A segunda fase da operação, realizada em abril, alcançou endereços em municípios como Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba, Rio de Janeiro e Juiz de Fora, incluindo outros políticos envolvidos. Os alvos eram candidatos ao Executivo nas próximas eleições municipais, sendo que apenas um deles, o prefeito Dr. Serginho, obteve êxito nas urnas.
Os dados investigativos indicaram o uso de recursos não declarados à Justiça Eleitoral, sugerindo irregularidades destinadas a favorecer candidatos nas eleições de 2024. Além disso, surgiram indícios de que o grupo criminoso tentava destruir provas, especialmente em meios digitais, para evitar a responsabilização criminal de seus membros.