7 junho 2025
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Corte de Chifres Diminui em 78% a Caça de Rinocerontes!

Um novo estudo divulgado na revista Science Advances indicou que a remoção dos chifres de rinocerontes se revela uma das estratégias mais eficazes para combater a caça ilegal desses animais. Essa prática foi implementada em oito das 11 reservas analisadas nas proximidades do Parque Nacional Kruger, na África do Sul, resultando em uma diminuição de 78% nos casos de caça.

Entre os anos de 2017 e 2023, mais de dois mil rinocerontes tiveram seus chifres removidos nessas áreas. A principal motivação para essa ação é que caçadores visam os chifres para comercializá-los no mercado ilegal, especialmente em países asiáticos, onde persiste a crença de que o chifre possui propriedades medicinais. Sendo composto por queratina, material semelhante ao das unhas humanas, o chifre tem a capacidade de crescer novamente. A ausência do chifre imediatamente reduz o valor comercial do animal, diminuindo assim o interesse dos caçadores.

Embora a remoção dos chifres possa parecer uma medida drástica, o procedimento é considerado seguro e indolor. Durante a intervenção, os animais são sedados e apenas a parte externa do chifre é extraída, preservando a base que sustenta o crescimento. A operação é breve, levando cerca de dez minutos, e deve ser repetida a cada 18 a 24 meses, uma vez que o chifre cresce naturalmente. Pesquisas demonstraram que essa remoção não impacta a reprodução ou a expectativa de vida dos rinocerontes. Existem pequenas alterações comportamentais, como o uso de áreas de habitat menores, mas os especialistas ressaltam que as vantagens superam essas mudanças. Durante o procedimento, as equipes também aproveitam para implantar chips de rastreamento e coletar dados importantes para o monitoramento da espécie.

O custo da proteção dos rinocerontes através do corte de chifres se mostrou consideravelmente menor em comparação a outras abordagens de segurança. Os pesquisadores estimam que essa técnica representou apenas 1,2% do orçamento total destinado à segurança nas reservas e foi responsável pela maior parte da redução na caça. Em contraste, o custo médio por rinoceronte protegido foi em torno de 7 mil dólares, enquanto investimentos em cercas, drones, cães farejadores e equipes de patrulha implicaram despesas muito superiores, com resultados menos significativos.

Apesar de um investimento estimado em 74 milhões de dólares em métodos tradicionais de combate à caça, a pesquisa concluiu que essas estratégias isoladamente não tiveram um impacto considerável na diminuição da mortalidade dos rinocerontes. Nas regiões em que a remoção dos chifres foi amplamente e coordenadamente realizada, a taxa de risco caiu de 13% para 0,6% ao ano.

Os pesquisadores afirmam que o corte de chifres não é uma solução definitiva; trata-se de uma medida que proporciona um tempo adicional. Ao reduzir o valor dos rinocerontes para o mercado ilegal, essa abordagem contribui para a diminuição da matança, mas não aborda as causas subjacentes do problema. A caça de rinocerontes está relacionada a questões complexas, como pobreza extrema, corrupção, fragilidade das leis e crime organizado internacional.

Adicionalmente, o chifre cresce novamente e, mesmo a parte remanescente — uma base de aproximadamente 10 a 15 centímetros — ainda pode atrair caçadores. Em áreas onde o procedimento não foi efetuado de maneira completa, como partes do Parque Kruger, rinocerontes sem chifres também foram alvos de caçadores.

Por esse motivo, os autores do estudo sugerem que a remoção dos chifres deve ser complementada por outras medidas, incluindo o combate à corrupção, o apoio às comunidades locais e a redução da demanda por chifres nos mercados consumidores. O intuito, conforme explicado, é diminuir não apenas o lucro dos caçadores, mas também as oportunidades para a prática criminosa.

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