No relatório final da CPI das Apostas, é analisado o modus operandi de organizações criminosas que recrutam jogadores e manipulam partidas para aumentar os lucros em apostas. O senador responsável pelo relatório solicita o indiciamento de três indivíduos.
O primeiro indiciado é Bruno Tolentino, tio do jogador Lucas Paquetá, atualmente no West Ham e na seleção brasileira. O relatório cita o indiciamento por “dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o objetivo de alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento relacionado”, cuja pena varia de dois a seis anos de prisão e multa.
As investigações por meio da quebra de sigilo bancário revelaram que Tolentino realizou transferências totalizando 97.000 reais em cinco transações para Marlon Bruno Nascimento da Silva, identificado por um delator da Operação Penalidade Máxima como um dos responsáveis pela cooptar jogadores para manipulação de jogos. Além disso, Tolentino fez uma transferência via Pix de 30.000 reais em fevereiro de 2023 para Luiz Henrique, ex-jogador do Botafogo, que na época estava no Real Betis. Adicionalmente, os extratos bancários analisados mostraram que ele movimentou 839.696,44 reais em 258 transações entre 1º de janeiro de 2022 e 12 de novembro de 2024.
O relatório menciona que “as movimentações financeiras são incompatíveis com o patrimônio declarado junto à Receita Federal”. O relator da CPI das Apostas também solicita o indiciamento de Thiago Chambó Andrade, considerado uma figura central no esquema criminoso de contratação de jogadores para cometer infrações que garantiam lucros em apostas esportivas. Os crimes imputados a ele incluem “dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado” e “fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado”, ambos com pena de dois a seis anos de prisão e multa.
De acordo com o relatório, durante 2022, “Chambó direcionava a quantia de R$ 20 mil para a conta bancária de Camila, pouco antes dos jogos, para facilitar os pagamentos antecipados aos jogadores cooptados”. Investigadores relataram que “o grupo criminoso ofereceu R$ 70 mil para que um jogador do Athletico Paranaense recebesse um cartão amarelo na partida contra o Fluminense”, resultando na demissão do jogador Bryan García após a revelação da operação.
O terceiro indiciado é William Rogatto, autodenominado “rei do rebaixamento”, acusado de causar a queda de 42 equipes para divisões inferiores por meio de manipulações. O senador pede seu indiciamento pelos mesmos crimes previstos na Lei Geral do Esporte já imputados a Chambó.
Em seu depoimento, Rogatto afirmou que pagava subornos a árbitros, além de recrutar jogadores. Ele apresentou conversas do aplicativo WhatsApp aos senadores, incluindo uma conversa aparentemente comprometendo o árbitro Gildo Quenta, um áudio em que o árbitro Santiago Silva discute valores e outros registros relacionados a apostas em jogos. O relator observou que “sem o contexto e a informação apropriada, esses elementos podem ser juridicamente contestáveis”.