Entre 2015 e 2024, a porcentagem de crianças com idades entre 0 e 2 anos que acessam a internet aumentou de 9% para 44%, de acordo com um levantamento do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação. Para o grupo etário de 3 a 5 anos, o percentual subiu de 26% para 71%. Esses dados evidenciam a crescente integração da tecnologia na vida cotidiana das crianças, fazendo com que o modo como elas interagem com dispositivos eletrônicos se torne uma questão de grande relevância.
O levantamento também apresenta um aumento significativo no acesso à internet entre crianças de 0 a 8 anos, que não apenas utilizam, mas também possuem dispositivos. A pandemia de Covid-19 foi um fator que acelerou o uso de smartphones entre os mais jovens, contribuindo para a maior disponibilidade desses aparelhos. Contudo, surgem preocupações referentes à autoexposição precoce e ao tipo de conteúdo consumido, o que pode ter efeitos no desenvolvimento e bem-estar infantil.
A psicóloga Luciana Inocêncio, especializada em atendimento infantil, expressa preocupações sobre o uso de smartphones por crianças tão jovens. Ela questiona a necessidade de permitir que crianças de 0 a 2 anos tenham acesso a celulares, ressaltando que neste estágio da vida não há relevância ou necessidade para isso. Além disso, Inocêncio alerta que a exposição precoce à internet pode afetar a atenção e a capacidade de concentração, fundamentais para o aprendizado e desenvolvimento adequado das crianças.
O uso excessivo de telas pode prejudicar a capacidade de aprendizado e socialização, criando dificuldades no futuro. Diante dessas preocupações, foi sancionada uma lei que proíbe o uso de celulares em instituições de ensino do fundamental ao médio, visando proteger o desenvolvimento saudável das crianças em idade escolar.