sexta-feira, janeiro 31, 2025
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Crise: Erro na gestão da Casa Civil sobre controle de…

Na manhã de quarta-feira (22/1), o chefe da Casa Civil do governo Lula, Rui Costa, revelou que a administração está elaborando um “conjunto de intervenções” para facilitar a redução dos preços dos alimentos. Como economista, Costa está ciente de que esse tipo de medida governamental geralmente implica em controle de preços, uma prática que, ao longo das décadas de superinflação, foi tentada por diversos governos e acabou resultando em fracassos.

Este desafio não é novo para o governo atual. Em 14 de março do ano passado, Lula se reuniu com Costa e os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) para discutir ações que pudessem facilitar um “barateamento dos alimentos”. Naquele momento, os preços já subiam de forma contínua há sete meses. Foram propostos “incentivos” para a produção de trigo, milho, mandioca, feijão e, até mesmo, a “desconcentração” do cultivo de arroz do Sul para o Centro-Oeste, sob a justificativa de diminuir os custos de transporte.

Desde então, passaram-se mais nove meses, e as expectativas não foram atendidas. O ano de 2024 terminou com 78% dos eleitores reportando dificuldades cada vez maiores em lidar com os altos preços dos alimentos em suas despesas diárias, conforme evidenciado por uma pesquisa do instituto Quaest.

A situação é ainda mais delicada para os mais pobres, como revela o Dieese, entidade que Lula ajudou a fundar durante as lutas sindicais nos anos 1970. Em São Paulo, o custo de uma cesta básica de alimentos em dezembro correspondia a mais de 64% do salário mínimo líquido, após descontar tributos. Em outras oito capitais, o preço da cesta já ultrapassava 55% do salário mínimo.

Percebendo o impacto negativo causado pelo anúncio de uma intervenção governamental nos preços, o chefe da Casa Civil buscou agir para minimizar os efeitos adversos.

Costa utilizou uma estratégia de comunicação ao afirmar “intervenção”, mas com o intuito de se referir a “medidas”. Dessa forma, fica implícito que o governo Lula está preparando um “conjunto de medidas que indiquem um barateamento dos alimentos”. Entretanto, as “medidas” específicas não foram detalhadas, nem ele ofereceu explicações.

No final do dia, o chefe da Casa Civil conseguiu gerar mais incertezas. Ele expôs o governo a uma situação de vulnerabilidade, indicando que, embora talvez tenha uma direção em mente, carece de uma estratégia clara e, por consequência, está perdido em meio a uma crise de credibilidade envolvendo a situação econômica. Nem mesmo a oposição, a que ele frequentemente se refere com desprezo, teria cometido um erro tão evidente.

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