A crescente utilização de ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa está impactando diferentes áreas, inclusive o mercado de trabalho e a formação acadêmica. Essas tecnologias têm demonstrado a capacidade de resolver questões cotidianas, como equações matemáticas ou roteiros de viagem, atuando como um reflexo das mudanças trazidas pela automação. Por um lado, novas oportunidades estão se criando, enquanto, por outro, algumas profissões correm o risco de se tornarem obsoletas, o que exige uma constante adaptação e atualização por parte dos profissionais.
Em um estudo realizado com as IAs DeepSeek, ChatGPT e Gemini, foram levantados indícios sobre quais cursos universitários podem perder relevância ou até deixar de existir nos próximos 20 anos. Os resultados apontam que, devido a avanços tecnológicos, algumas áreas de estudo podem ser drasticamente afetadas. Entre os cursos que podem desaparecer até 2045 estão engenharia civil, jornalismo tradicional e secretariado executivo.
O primeiro curso mencionado é Engenharia Civil. As IAs indicaram que a automação e a robótica estão transformando este setor, diminuindo a necessidade de engenheiros para projetos comuns. A demanda por profissionais altamente especializados aumenta, mas a necessidade geral pode diminuir à medida que as tecnologias automatizadas realizam um número crescente de tarefas.
O segundo curso, Jornalismo Tradicional, está sendo impactado pela ascensão de plataformas digitais e redes sociais, além da utilização de IA na produção de conteúdo. A necessidade por jornalistas em modelos tradicionais de notícias está em declínio, com a tendência de que curadores de informações e especialistas em comunicação digital assumam essas funções.
Em relação ao Secretariado Executivo, as ferramentas de automação, incluindo assistentes virtuais, estão substituindo várias tarefas administrativas, como agendamentos e gestão de documentos. O foco atual está em habilidades como gestão de projetos e análise de dados, que estão se tornando mais valorizadas do que tarefas operacionais convencionais.
O curso de Administração também aparece entre os citados, com a observação de que a tomada de decisões empresariais está cada vez mais sendo guiada por algoritmos e análises preditivas. As habilidades requeridas neste campo estão mudando, com um maior enfoque em análise de dados, gestão de inovação e liderança em ambientes digitais, tornando desnecessária a formação tradicional.
Em algumas áreas do Direito, a automatização proporcionada por softwares jurídicos baseados em IA e blockchain está transformando a maneira como questões legais são tratadas. Questões burocráticas já estão sendo resolvidas digitalmente, diminuindo a necessidade de advogados, especialmente em áreas como contratos e direito do consumidor. Contudo, campos mais complexos, como direito penal e tributário, ainda demandarão especialistas.
A Biblioteconomia também é mencionada, uma vez que a digitalização de acervos e a disponibilização de informações online estão modificando o papel desempenhado por bibliotecários. A ênfase mudou para curadoria digital e gestão de dados, exigindo habilidades tecnológicas mais apuradas.
No setor de Turismo, a digitalização das experiências, incluindo assistentes virtuais para planejamento de viagens, resultou em uma diminuição da demanda por profissionais na área. Muitos consumidores agora organizam suas próprias viagens, utilizando tecnologias avançadas, e as empresas preferem contratar especialistas em tecnologia e dados ao invés de tradicionalmente formados.
Em Design Gráfico, a presença de ferramentas de IA que permitem a criação de designs sem conhecimentos técnicos aprofundados também está transformando a área. A automação de tarefas repetitivas reduz a necessidade de designers gráficos especializados, que agora precisam se concentrar em estratégias criativas e experiências imersivas.
Por fim, as carreiras em Geografia, especialmente no que se refere à cartografia, estão sendo impactadas pela digitalização e pelo uso de sistemas de informação geográfica automatizados. Os dados geográficos são coletados com precisão por satélites e drones, e processados rapidamente por ferramentas de IA, diminuindo a necessidade de cartógrafos.
As interações no campo de Relações Internacionais também estão mudando, com um crescente papel da inteligência artificial e da diplomacia digital. Profissionais de tecnologia e ciência de dados estão se tornando indispensáveis para negociações e análises de mercado, levando a formação tradicional nesta área a se transformar em cursos híbridos que combinem geopolítica, tecnologia e economia de dados.