O Supremo Tribunal Federal (STF) começará a analisar, a partir de terça-feira (25), a aceitação da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra oito indivíduos, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado em 2022. A denúncia da PGR se baseia em um inquérito conduzido pela Polícia Federal (PF), resultando em um extenso relatório que possui 884 páginas.
A PF identificou que a organização com intenção golpista teve início em julho de 2022, em um encontro onde o assunto foi discutido. Durante essa reunião, uma gravação foi encontrada no computador do tenente-coronel Mauro Cid, que foi o ajudante de ordens de Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes, responsável por relatar o caso no STF, explicou que o vídeo torna claro um esquema de conduta golpista entre os alto escalão do governo.
Duas semanas após o encontro, Bolsonaro chamou embaixadores para se reunir no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, e, sem apresentar evidências, fez declarações sobre a vulnerabilidade do sistema eleitoral brasileiro. Para a PGR, a ação teve o objetivo de “verbalizar as conhecidas e desmentidas acusações sobre fraudes, por meio de truques informáticos”. Na eleição de 30 de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva derrotou Bolsonaro, que se mostrou recluso a partir desse momento, mantendo conversas restritas com aliados e suspendendo suas tradicionais transmissões ao vivo de quinta-feira.
Nesse cenário, apoiadores de Bolsonaro iniciaram protestos em frente a quartéis do Exército em diversas regiões do Brasil, com ênfase nas mobilizações no Distrito Federal e em Minas Gerais. A PF mencionou que, em novembro, um plano denominado “Punhal Verde e Amarelo” foi elaborado e impresso no Palácio do Planalto pelo general Mario Fernandes, na época secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência. O plano incluía a proposta de assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Moraes, com a intenção de impedir que Lula assumisse a presidência logo após sua diplomação.
Em 12 de dezembro, dia da diplomação de Lula, ocorreram tentativas de invasão da sede da PF em Brasília, além de atos de vandalismo com incêndios de veículos nas proximidades. Bolsonaro deixou o Brasil no dia 30 de dezembro, antes da cerimônia de posse de Lula, e se deslocou para os Estados Unidos. Apenas uma semana após a posse de Lula, os atos de vandalismo em 8 de janeiro de 2023 destruíram a Praça dos Três Poderes. Em junho de 2023, Bolsonaro foi declarado inelegível por um período de oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sendo essa decisão fundamentada em abuso de poder e uso indevido de meios de comunicação durante o encontro com embaixadores.
Em novembro de 2024, Bolsonaro foi indiciado pela PF no inquérito relacionado à tentativa de golpe de Estado, e, em fevereiro de 2025, a PGR também o indiciou ao STF pelo mesmo motivo.