O Equador realizou eleições neste domingo, 9, em um contexto de crise econômica e combate aos cartéis de narcotráfico. Aproximadamente 1,6 mil observadores, tanto nacionais quanto internacionais, acompanharam o processo, que ocorreu de maneira tranquila.
As primeiras estimativas de pesquisas de boca de urna indicam que Daniel Noboa poderia ser reeleito no primeiro turno, por meio de uma votação que superaria os 50%. No entanto, a contagem dos votos ainda está em andamento e os resultados não são definitivos. Ao todo, 16 candidatos concorrem ao cargo de presidente, sendo Noboa, o atual presidente, e Luisa González, apoiada pelo ex-presidente Rafael Correa, os principais competidores.
De acordo com os dados preliminares, Noboa poderia ter obtido 50,12% dos votos, enquanto González tendría 42,2%. Caso esses números sejam confirmados, Noboa seria reeleito sem a necessidade de um segundo turno. A legislação exige que um candidato obtenha mais de 50% dos votos válidos ou 40%, desde que a diferença para o segundo colocado seja de pelo menos dez pontos percentuais. Se um segundo turno for necessário, ele deverá ocorrer em abril.
Daniel Noboa, herdeiro de um significativo negócio de banana, ascendeu ao poder em 2023, após o ex-presidente Guilherme Lasso dissolver a Assembleia Nacional e antecipar as eleições para evitar um processo de impeachment por corrupção. Durante sua gestão, Noboa enfrentou uma ameaça significativa de organizações criminosas, incluindo um ataque a um estúdio de televisão, e declarou a existência de um conflito armado interno. Embora a violência tenha diminuído inicialmente, a taxa de homicídios voltou a subir, alcançando níveis alarmantes em janeiro. Além da criminalidade, sua administração tem lidado com apagões resultantes de uma severa seca.
A participação nas eleições foi de 83% entre os quase 14 milhões de cidadãos elegíveis, conforme dados do Conselho Nacional Eleitoral. A presidente do CNE, Diana Atamaint, afirmou que a votação transcorreu com normalidade, destacando que a ordem e a segurança prevaleceram ao longo do processo.
Antes da votação, o país fechou suas fronteiras e intensificou a segurança nas seções eleitorais, contando com a presença de 100 mil agentes de segurança. Em algumas regiões, os eleitores passaram por revistas e detectores de metais.
Embora a eleição tenha contado com 1,6 mil observadores e tenha transcorrido sem grandes incidentes, os serviços de emergência receberam denúncias sobre potenciais ataques à democracia. Ao iniciar a votação, Atamaint ressaltou que os resultados são divulgados em tempo real, enfatizando a transparência no processo eleitoral.
Luisa González, por sua vez, levantou preocupações sobre possíveis irregularidades, citando a recusa de Daniel Noboa em se afastar da presidência durante a campanha eleitoral, o que, segundo ela, constituiu uma violação da legislação. A Constituição do Equador determina que presidentes que buscam reeleição devem solicitar licenciamento; entretanto, Noboa optou por não deixar a presidência para sua vice, a quem chamou de “desleal”, e delegou temporariamente a secretaria de Administração Pública para exercer a função permanecendo em atividades eleitorais.