Um dos jogadores centrais da Seleção Brasileira aos 33 anos, o lateral e, mais recentemente, zagueiro Danilo Luiz foi oficialmente contratado pelo Flamengo no final de janeiro deste ano. Sua transferência para a equipe carioca simboliza uma nova fase em sua carreira; após 13 temporadas na Europa, o atleta decidiu ouvir seus anseios pessoais e realizar um “sonho de criança”.
A escolha de retornar ao Brasil está relacionada não apenas à sua trajetória profissional, mas também ao seu interesse por questões sociais. Com uma carreira que inclui passagens por clubes como Porto, Real Madrid, Manchester City e Juventus, além de ter conquistado a Copa Libertadores de 2011 com o Santos, Danilo se considera uma voz relevante fora dos campos.
Focado na comunicação, Danilo compartilhou seus projetos paralelos ao esporte e suas aspirações para o futuro. Apesar de ter recebido propostas de outras equipes na Europa, sua decisão de voltar ao Brasil foi motivada por um desejo genuíno de viver a experiência de ser parte do Flamengo. Ele destaca que, além da estrutura e do modelo de jogo do clube, sua paixão por ele influenciou em sua escolha. Para Danilo, essa experiência representa um presente que a vida lhe proporcionou, e ele acredita em sua capacidade de contribuir significativamente com sua vivência adquirida ao longo dos anos.
A tendência de jogadores europeus retornarem ao Brasil tem se intensificado, refletindo a reestruturação dos clubes no país. Danilo explica que é improvável que atletas de alto nível queiram jogar no Brasil sem que exista uma estrutura adequada, que inclua profissionais qualificados. Ele ressalta a força do Campeonato Brasileiro, mas também manifesta a necessidade de melhorias na aplicação das regras sobre o estado dos gramados. Em sua visão, clubes da Premier League, por exemplo, têm padrões rígidos que devem ser seguidos e questiona a falta de seriedade em algumas práticas no Brasil.
Embora tenha jogado majoritariamente como lateral ao longo de sua carreira, Danilo foi contratado pelo Flamengo como zagueiro. Ele considera essa adaptação algo natural, uma vez que já vinha atuando nessa posição em clubes como a Juventus e o Manchester City. A influência de técnicos, como Pep Guardiola, o fez entender o jogo de maneira inovadora e a gostar mais da função, que exige uma visão tática mais abrangente.
Quanto ao futuro após a aposentadoria, Danilo revela que, neste momento, não vê a si mesmo continuando no futebol. Se decidir permanecer, a preferência seria para entrar na área de treinadores, dado seu gosto por táticas e estratégias. No entanto, expressa um grande interesse por comunicação, entretenimento e psicologia, área que gostaria de explorar academicamente, visando utilizar esse conhecimento para ajudar aqueles ao seu redor.
Danilo também aborda a questão do estereótipo que muitas vezes acompanha os jogadores de futebol. Ele observa a frustração com a imagem negativa e superficial que alguns atletas cultivam e acredita que é sua responsabilidade tentar mudar isso, mostrando aos jovens que o sucesso pode se manifestar de maneiras diversas, além das aparências e polêmicas.
Refletindo sobre seus gostos pessoais, Danilo compartilha que se interessa profundamente por leitura e cinema. Ele começou sua jornada literária com livros de Augusto Cury e citou obras que marcaram sua vida, como “À procura da felicidade”. Danilo menciona ainda o desejo de deixar um legado significativo, que foi impulsionado por momentos de desânimo durante a pandemia. Durante esse período, ele criou a plataforma Voz Futura, para contar histórias inspiradoras e promover a esperança. Além disso, participa do projeto Futuro Redondo, que oferece apoio psicológico e médico a crianças em Minas Gerais.
A paixão pelo futebol permanece forte em Danilo. Ele relata ter crescido em um ambiente onde o futebol era uma constante, reforçando seu amor pelo esporte. Embora mantenha uma rotina de preparação em casa, ele admite que a adrenalina dos jogos e a conexão com os torcedores o fazem sentir falta da competição.
Por último, Danilo fez comentários sobre a importância de discutir o racismo no futebol, lembrando suas experiências e reflexões surgidas durante uma conversa que teve em um podcast na Itália. Ele reconhece que esse tema exige coragem e um posicionamento claro, especialmente considerando sua plataforma e a influência que pode exercer sobre as novas gerações. Sua volta ao Brasil inclui um comprometimento com essa luta, reconhecendo a importância de se manifestar contra o preconceito racial.
