O interesse do Brasil pela Coreia do Sul vem crescendo de maneira significativa. Antigamente, a associação com o país asiático limitava-se a produtos eletrônicos, como carros, televisores e celulares, além do fenômeno cultural conhecido como k-pop e os k-dramas. Atualmente, a influência coreana também se faz notar na gastronomia, na literatura, em itinerários turísticos e em uma série de eventos que ocupam espaços culturais no Brasil. Essa aproximação é impulsionada, em grande parte, por Cheul Hong Kim, que representa o Ministério da Cultura e Turismo da Coreia do Sul e lidera o Centro Cultural Coreano no Brasil (CCCB), situado em São Paulo.
Desde sua chegada ao Brasil em maio de 2023, Cheul Hong Kim estava ciente do potencial do país. Durante a seleção para o cargo, teve a opção de escolher entre Suíça, Rússia e Brasil, decidindo pela alternativa mais enigmática. Ao refletir sobre essa escolha, ele menciona que foi motivado por uma combinação de sorte e curiosidade, acreditando que a experiência seria valiosa, mesmo sem um conhecimento profundo sobre o Brasil.
Sob sua gestão, o CCCB tem se renovado e ampliado seu alcance, tornando-se uma importante vitrine da cultura coreana no Brasil. Cheul Hong Kim destaca que, conforme a curiosidade do público brasileiro se expandiu, o interesse por aspectos culturais foi além da música e das séries, englobando também culinária, literatura e cinema.
A programação do CCCB nos próximos meses reflete esse crescente entusiasmo. Em junho, o Teatro Belas Artes, em São Paulo, sediará a 14ª Mostra de Cinema Coreano, que, este ano, homenageia os 80 anos da Independência da Coreia. Entre os eventos, destaca-se a presença do renomado diretor Kim Jee-woon, que participará de um diálogo com o público. No decorrer de julho e agosto, uma exposição interativa sobre a gastronomia e produtos típicos coreanos será montada em dois andares do CCCB. De acordo com Cheul Hong Kim, o evento foi programado para coincidir com as férias escolares, visando atrair famílias e estudantes.
Nos meses seguintes, o centro cultural apresentará uma mostra voltada ao universo dos jogos eletrônicos da Coreia e participará da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, com foco na literatura contemporânea. Um dos momentos emblemáticos será a presença de Kim Ho-yeon, autor do romance A Inconveniente Loja de Conveniência, que recentemente teve sua tradução lançada no Brasil.
Em agosto, o Festival da Cultura Coreana retornará ao espaço Oswald de Andrade em São Paulo, reunindo diversas apresentações de taekwondo, shows de k-pop, feiras de artes visuais e estandes de comida típica. Em outubro, o CCCB realizará pela primeira vez um concurso nacional de culinária coreana destinado a chefs brasileiros. No mês seguinte, a Coreia do Sul marcará presença na COP-30 em Belém, coordenando uma programação paralela que incluirá apresentações de música tradicional e exposições culturais durante a conferência ambiental.
Embora sua agenda esteja recheada, Cheul Hong Kim também valoriza o tempo para conhecer o cotidiano brasileiro. Ele aprecia atividades como visitar o MASP, almoçar em restaurantes a quilo e, como ele mesmo afirma, tem uma preferência por cachaça pura. Ele expressa admiração pela variedade de legumes e pela qualidade da carne no Brasil, considerando o país rico em sabores diversos.
Após dois anos em terras brasileiras, Cheul Hong Kim reconhece que sua adaptação ainda está no início. Ele busca aprender mais sobre a música e os instrumentos do Brasil, manifestando interesse em explorar ritmos percussivos. Atualmente, ele está se dedicando à leitura de Meu Pé de Laranja Lima, obra clássica de José Mauro de Vasconcelos, reconhecendo o desafio que é entender o texto, mas avaliando-o como uma leitura muito bonita.
Gradualmente, Cheul Hong Kim deixa de ser um mero observador e se torna um participante ativo da vida cultural brasileira, enquanto continua seu trabalho diligente para promover a aproximação entre os dois países, que, apesar das distâncias geográficas, têm encontrado pontos de conexão cada vez mais próximos.
