Nesta quarta-feira (7), serão realizadas reuniões dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil, onde serão decididas as taxas de juros de cada nação. Comumente referida como “Superquarta”, a data atrai a atenção do mercado financeiro, especialmente considerando as incertezas globais, amplificadas por efeitos da guerra comercial iniciada em abril pelo presidente dos Estados Unidos.
Espera-se que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil eleve a taxa de juros de 14,25% ao ano, porém, a ampliação deve ser menos acentuada em comparação com os aumentos vistos em reuniões anteriores. A divulgação da decisão ocorrerá após as 18h30.
Nos Estados Unidos, as previsões indicam que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed) deve manter a taxa estabelecida entre 4,25% e 4,5%. Os dados sobre essa decisão serão disponibilizados às 15h, e a coletiva de imprensa com o presidente do Fed, Jerome Powell, será realizada às 15h30.
Um relatório do Goldman Sachs sugere uma elevação de 0,5 ponto percentual na Selic. O banco americano pretende monitorar as projeções da taxa básica de juros para final de 2025 e 2026, uma vez que a inflação brasileira encontra-se acima do limite de 3%, que é o centro da meta. O Goldman observa que as incertezas da economia global podem permitir futuras adaptações.
A maior parte do mercado aposta na elevação de 0,5 ponto, elevando a Selic para 14,75% ao ano, conforme dados da B3. Se essa previsão se concretizar, será o maior patamar desde 2006. As previsões coletadas pelo Boletim Focus, divulgado na segunda-feira, reforçam a expectativa de um aumento de 0,5 ponto nesta semana, seguido de um incremento adicional de 0,25 na reunião agendada para junho, levando a taxa para 15%. Contudo, o Banco Central deverá iniciar um ciclo de cortes antes do final do ano, com uma redução de 0,25 ponto, encerrando 2025 com a Selic em 14,75%, e projetando-se que em 2024 a taxa deve estar em 12,5%.
Especialistas em finanças, como Jeff Patzlaff, enfatizam que o Banco Central brasileiro tende a adotar uma abordagem mais rigorosa para sustentar as expectativas do mercado e manter sua independência. Patzlaff argumenta que uma nova alta, mesmo que moderada, demonstraria compromisso com a estabilidade de preços, apesar dos impactos na atividade econômica.
No que diz respeito à situação internacional, a guerra tarifária iniciada por Donald Trump gera incertezas sobre os efeitos na economia brasileira a médio prazo, além de influenciar as expectativas sobre o desempenho econômico dos Estados Unidos. O Fed reconheceu que a política econômica de Trump é um dos obstáculos para atingir suas metas de emprego e controle da inflação.
Recentemente, Trump descartou a ideia de demitir Jerome Powell, mas reiterou a necessidade de um corte imediato de juros, justificando pela queda de 0,3% no PIB americano entre os últimos trimestres. A consultoria LCA4Intelligence relatou que a contração do PIB dos Estados Unidos resultou de uma resposta do setor industrial e dos consumidores, que estão importando mais devido à insegurança causada pela guerra tarifária.
Além disso, em seu relatório, a LCA4Intelligence aponta que a inflação poderá enfrentar desafios neste segundo trimestre devido aos impactos da tarifa, com empresas relatando aumento de custos e famílias percebendo a elevação do custo de vida. A consultoria acredita que o Fed optará por manter a taxa básica de juros na reunião desta quarta-feira e provavelmente não sinalizará um corte na reunião de junho, mantendo, assim, sua independência frente às pressões externas.