Duas semanas após o início das atividades legislativas, a Câmara dos Deputados ainda não formou suas comissões permanentes. Os líderes partidários estão em conversas sobre a possibilidade de alterar o método de escolha dos presidentes dessas comissões, visando conceder maior autoridade aos líderes de bancada. Na última semana, o presidente da Câmara, Hugo Motta, expressou a intenção de avançar nas negociações nos “próximos dias”, com o objetivo de estabelecer as comissões até o início de março, após o feriado de Carnaval.
Informações recentes indicam que uma das propostas em discussão entre os líderes envolve uma potencial alteração no regimento da Casa. A proposta sugere que a escolha dos novos presidentes das comissões seja realizada pelos dirigentes de cada bancada, que poderiam, a qualquer momento, substituir o presidente escolhido ao longo do ano.
Atualmente, os presidentes das comissões são eleitos, sendo que, na maioria das vezes, há pouca concorrência, uma vez que as indicações são baseadas em acordos políticos prévios entre os partidos. O deputado indicado para o cargo ocupa a posição por um período de um ano. A proposta em análise permitiria que os líderes partidários substituíssem os presidentes das comissões a qualquer instante, se considerassem que os deputados não estivessem desempenhando adequadamente suas funções.
A gestão das comissões é distribuída conforme o tamanho de cada partido. Os partidos com maior representação têm a prioridade nas escolhas e controlam um número maior de comissões. Por exemplo, o PL, que possui a maior bancada, é o primeiro a escolher e tem a presidência de seis comissões. A federação constituída pelo PT, PCdoB e PV realiza a segunda escolha, assumindo a presidência de cinco comissões.
Entretanto, não houve consenso entre os líderes sobre a proposta de mudança no modelo de escolha dos presidentes das comissões. Alguns defensores da ideia a consideram positiva, uma vez que a indicação atual já é feita pelas bancadas e a única alteração seria a eliminação da eleição e a introdução da possibilidade de troca do presidente. Em contrapartida, outros deputados veem essa mudança como negativa, pois poderiam enfraquecer as comissões e aumentar o poder dos líderes. Apesar das diferenças de opinião, líderes de bancada entrevistados indicaram que o tema deve ser revisitado nas futuras discussões do colégio de líderes.