Deputados federais do Partido Liberal (PL) estão considerando intensificar as críticas ao presidente da Câmara, Hugo Motta, devido à sua decisão de não incluir na pauta da próxima semana o projeto de lei que propõe anistia a envolvidos nos eventos de 8 de janeiro de 2023 e crimes relacionados. A oposição aponta uma percebida falta de disposição política por parte de Motta, o que, na prática, contribui para isolar o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro no legislativo.
O PL planeja obstruir as atividades da Câmara e está avaliando a possibilidade de dirigir críticas públicas mais incisivas a Motta, algo que os deputados não haviam feito até o momento. Além disso, parlamentares da sigla estão considerando a realização de uma greve de fome em apoio a familiares de presos do 8 de janeiro, inspirando-se na ação do deputado Glauber Braga, que buscou impedir sua própria cassação. O partido também planeja assumir o controle da parte que lhe compete nos mais de R$ 6 bilhões em comissões.
Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara, afirmou que o partido “não vai arredar um milímetro” da pauta da anistia, enfatizando a busca por justiça, a qual segundo ele não foi proporcionada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar das possíveis retaliações, líderes da base governista e do centrão expressaram dúvidas sobre a efetividade do PL nessa situação. Hugo Motta conta com o apoio da maioria dos líderes partidários, especialmente após um jantar que promoveu com líderes da Câmara e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Motta busca tempo para viabilizar uma solução ao lado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. As alternativas incluem um projeto de lei que estabeleça penas mais proporcionais ou uma revisão de punições a partir do STF para infrações menos graves relacionadas ao 8 de janeiro. O presidente da Câmara declarou que mais de 400 deputados decidiram que o tema não deveria ser discutido na próxima semana, sugerindo que a comunicação pode levar a um avanço na busca por uma solução.
Atualmente, a prioridade do governo é manter o apoio do centrão junto a Lula, que expressou seu interesse em se reeleger em 2026. Os deputados do centrão argumentam que estão menos dependentes do governo para a liberação de emendas, e que seu poder na distribuição do orçamento tem crescido. A dificuldade nesta articulação foi evidenciada pela recusa do líder do União Brasil em aceitar o cargo de Ministro das Comunicações. Com o objetivo de preservar a governabilidade, Lula optou por não retaliar o União Brasil, que continuou à frente do ministério. Além disso, ao menos 40 dos 59 deputados da sigla apoiam o caráter urgente da anistia, enquanto uma facção defende a desfiliação imediata do governo.