O deputado federal Junior Mano (PSB-CE) está sob investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) devido a suspeitas de envolvimento em um esquema de corrupção ligado a desvios de emendas parlamentares. Recentemente, ele contratou Francisco Vaidon de Oliveira (UNIÃO-CE), um ex-parlamentar que foi condenado por desvio de verbas de campanha, para atuar como assessor em seu gabinete em Brasília. Vaidon Oliveira, que já ocupou o cargo de deputado federal, recebeu a nomeação de Mano como secretário parlamentar, com um salário mensal de R$ 5,7 mil. Em 2022, ele contabilizou apenas pouco mais de 39 mil votos e não conseguiu retornar ao Congresso.
A contratação ocorreu pouco após Vaidon ser condenado por desvio de recursos durante a eleição de 2018, quando venceu a disputa. Naquele ano, ele era afiliado ao PROS. A investigação revelou que Vaidon Oliveira desviou recursos por meio de candidaturas fictícias criadas pelo partido. Diz-se que a legenda repassou mais de R$ 274 mil para uma candidata, que era cunhada de Vaidon, mas o dinheiro acabou sendo utilizado pelo ex-parlamentar. Em sua decisão, a juíza responsável pela sentença registrou que a candidatura da cunhada foi utilizada como um meio para desvio de recursos. A análise das provas demonstrou que a candidatura não foi estabelecida com a intenção de disputar as eleições de maneira legítima, mas sim para atender a interesses, especificamente os de Vaidon. A juíza destacou a configuração de crimes de falsidade ideológica eleitoral no caso, e o ex-deputado ainda tem a possibilidade de recorrer da decisão.
Em resposta às acusações, Junior Mano informou por meio de sua assessoria de imprensa que Vaidon Oliveira está totalmente habilitado para exercer a função de assessor. A nota afirma que a recente decisão da Justiça não é final e não esgota os direitos do ex-deputado, além de argumentar que não é adequado impor reprimendas antecipadas a uma pessoa que ainda não teve uma sentença definitiva.
Junior Mano enfrenta investigações no STF relacionadas a possíveis desvios de emendas parlamentares e lavagem de dinheiro no Ceará, com indícios de participação de organizações criminosas. A investigação teve início no final do ano passado, a partir do depoimento dado por uma prefeita de uma cidade do interior, que acusou o deputado de envolvimento no esquema. As denúncias indicam que o parlamentar destinava valores de emendas a aliados, que contratavam empresas previamente escolhidas para simular a prestação de serviços e, assim, embolsavam uma parte dos recursos. A Polícia Federal suspeita que o esquema tenha se estendido a mais de 50 cidades do Ceará, incluindo Canindé, Monsenhor Tabosa, Nova Russas e Viçosa. O processo que envolve Junior Mano está sob a relatoria do ministro Gilmar Mendes, do STF.