31 março 2025
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Desafios do Poder Eleitoral de Bolsonaro: Um Obstáculo Significativo

“Não passarei o bastão para ninguém. Somente o farei após a morte”, afirmou Jair Bolsonaro em uma entrevista a um podcast no dia 24, véspera do julgamento no Supremo Tribunal Federal que poderia levá-lo ao banco dos réus por tentativa de golpe de Estado. Mesmo sendo inelegível até 2030, ele declarou sua intenção de registrar uma candidatura a um novo mandato presidencial “aos 48 minutos do segundo tempo” e deixou a decisão nas mãos do Tribunal Superior Eleitoral. Ao seu lado estava o governador Tarcísio de Freitas, apontado como potencial sucessor. Tarcísio afirmou que buscará a reeleição no estado de São Paulo, reiterando que seu candidato à Presidência continua sendo Bolsonaro. Ele destacou: “Vou apoiar o Bolsonaro até o fim”. Esse episódio ilustra a confusão atual no campo da direita, que, apesar de ser considerada favorita nas eleições, enfrenta um líder que deseja permanecer na política, mas enfrenta limitações, além de sucessores que vão se posicionando com cautela.

Bolsonaro, destacando-se como uma figura central da direita nos últimos anos, enfrenta um dilema. Embora tenha significativo capital eleitoral, sua presença se torna um desafio para outros candidatos que surgem sem um pedido explícito para que ele se retire da corrida. O ex-presidente acredita que se desistir, poderá ver sua influência política diminuir, um fator crucial considerando sua situação nos tribunais. Especialistas avaliam que, enquanto durar o julgamento, Bolsonaro não abrirá mão de suas aspirações políticas.

No grupo de possíveis sucessores, Tarcísio de Freitas é quem se encontra numa situação mais complexa, uma vez que pode optar pela reeleição ao governo estadual. Reconhecido como uma figura viável por partidos como PL, Republicanos e PSD, ele possui boa aceitação entre os eleitores. Em recente pesquisa, 42% dos entrevistados manifestaram apoio a ele como o melhor nome para suceder Bolsonaro, enquanto a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro obteve 21%. A gestão de Tarcísio goza de aprovações belíssimas, o que pode o tornar um adversário forte contra Lula em 2026. No entanto, seu sucesso depende de uma aliança com o centro político, dado que sua proposta de equilíbrio entre discursos bolsonaristas e posturas moderadas é crucial.

A presença de Tarcísio na entrevista ao podcast levantou questões sobre se ele estava reafirmando sua lealdade a Bolsonaro ou se posicionando como o possível receptor do apoio do ex-presidente. Algumas fontes sugerem que Tarcísio prefere focar na reeleição para garantir a continuidade de projetos estruturais, enquanto outros acreditam que sua candidatura à Presidência pode estar sendo considerada. A relação dele com Bolsonaro parece assegurar que ele aceitaria a escolha do ex-presidente para o próximo pleito.

Nos bastidores, há vozes que indicam que Tarcísio poderá realmente se lançar à corrida presidencial. Valdemar Costa Neto, do PL, tem em mente uma aliança entre Tarcísio e Michelle, embora não se saiba como essa ideia repercutiria a Bolsonaro. O ex-presidente não demonstrou apoio a Michelle como sucessora, preferindo que ela tentasse uma vaga no Senado. Contudo, sua popularidade em algumas pesquisas é significativa. Os filhos de Bolsonaro, Eduardo e Flávio, também estão sendo cogitados em algumas sondagens, mas podem optar por vagas no Senado, dado que a liderança do PL enfrenta discussões sobre as candidaturas para fortalecer a sigla.

Entre outros governadores de oposição, há candidatos que se movimentam em busca de reconhecimento nacional. O governador do Paraná, Ratinho Jr., por exemplo, é visto como uma opção viável, mas necessita do apoio do PSD para avançar em seu projeto, especialmente porque o partido ainda mantém laços com o governo Lula. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, elogiou Ratinho como um líder nacional, colocando-o como potencial candidato à Presidência.

Por outro lado, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, tem adotado uma abordagem mais audaciosa, posicionando-se como um forte nome antipatista e realizando ações para aumentar sua visibilidade. Com um histórico de aprovação positivo, Zema está se preparando para construir uma base forte para sua campanha, argumentando que a direita está fragmentada e que sua candidatura não dependeria do apoio de Bolsonaro.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, já está em campanha e deve formalizar sua pré-candidatura em breve. Caiado já indicou que está disposto a se colocar à frente na disputa, mesmo após confrontos com Bolsonaro nas eleições municipais. Uma consideração importante para a direita é o tempo, pois, caso Tarcísio opte pela presidência, deverá renunciar ao cargo em 2026, enquanto a reeleição lhe permitiria permanecer no governo.

Atualmente, com sua popularidade em baixa, Lula busca formar alianças com partidos que orbitam à direita, enquanto a indecisão provocada pela presença de Bolsonaro se intensifica desde sua inelegibilidade, com a possibilidade de complicações futuras, como uma prisão. Especialistas sugerem que a figura de Bolsonaro pode estar se revelando um obstáculo nas discussões sobre alianças que precisam ser estabelecidas na oposição. Essa situação gera a percepção, ainda que velada, de que o ex-presidente se tornou um entrave significativo para o futuro político da direita.

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