6 março 2025
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Desafios dos Juros Elevados para o E-Commerce Brasileiro e Oportunidades de Investidores Estrangeiros

O comércio eletrônico no Brasil apresenta um crescimento significativo, consolidando-se como o setor com maior faturamento no e-commerce nacional. A combinação de conveniência ao acessar uma vasta gama de produtos de casa, preços competitivos e a diversidade de lojas disponíveis atrai um número crescente de consumidores. Uma pesquisa realizada pela Nuvei, uma fintech canadense especializada em soluções de pagamento, revela que o setor não apenas está crescendo, mas também se expandindo.

Entretanto, a evolução do e-commerce brasileiro enfrenta desafios, como a intensa concorrência de varejistas internacionais e a expectativa de um ambiente competitivo ainda mais complexo, especialmente enquanto as taxas de juros permanecem elevadas, impactando o equilíbrio financeiro e a competitividade das empresas locais.

As expectativas de crescimento do e-commerce no Brasil também estão ligadas ao sucesso do sistema de pagamento Pix, com a previsão de que uma versão recorrente do Pix venha a substituir o uso tradicional de cartões de crédito. Estima-se que esse método de pagamento pode representar metade das transações nacionais até 2027. O acesso amplo da população à tecnologia contribui ainda mais para as previsões otimistas. De acordo com a Nuvei, as lojas virtuais brasileiras devem gerar mais de US$ 585 bilhões (aproximadamente R$ 3,34 trilhões) em dois anos, o que representa um aumento de 70% em relação ao faturamento projetado para 2024, que era de US$ 346,3 bilhões (ou R$ 1,97 trilhão).

No ano de 2024, o setor varejista foi responsável pelo maior volume de operações no e-commerce, atingindo US$ 137,3 bilhões (R$ 783,6 bilhões). Outros segmentos, como viagens (US$ 56,7 bilhões ou R$ 323,2 bilhões), apostas (US$ 39,3 bilhões ou R$ 224 bilhões), aplicativos de transporte e entrega (US$ 16,8 bilhões ou R$ 95,8 bilhões) e serviços de streaming (US$ 10,7 bilhões ou R$ 61 bilhões), também apresentaram expressivos índices de faturamento. Esses dados colocam o Brasil como líder no e-commerce na América Latina.

Entretanto, o Brasil ainda fica atrás de países como México e Chile em termos de presença de empresas internacionais de comércio eletrônico. No Brasil, essas empresas representam cerca de 7% do total, enquanto no México e no Chile esse percentual supera 20%. Até 2027, projeta-se um volume de transações cross-border no valor de US$ 51,2 bilhões.

É importante ressaltar a relevância das varejistas internacionais no Brasil, com destaque para a varejista chinesa Temu, que foi responsável por 92% do crescimento observado no setor de comércio eletrônico. A quantidade de visitas ao site da empresa saltou de 1,2 milhão em 2024 para um volume semelhante em 2025. Além disso, cinco dos dez maiores e-commerces atuantes no Brasil são originários de países asiáticos. Diante desse cenário, o varejo brasileiro tem buscado ações para conter a expansão de seus concorrentes, como o aumento das tarifas de importação.

Atualmente, existem dois tipos de varejistas internacionais operando no Brasil: aquelas que possuem operações diretas no país e as que atuam de forma cross-border, vendendo seus produtos a partir de operações externas. Nos últimos anos, o Brasil tem se mostrado um mercado atrativo para essas lojas virtuais, especialmente as asiáticas. De acordo com um executivo da Nuvei, esse interesse deve continuar crescendo, com um número significativo de empresas buscando informações sobre o mercado brasileiro diariamente. Muitas dessas empresas se inspiram em marcas que obtiveram sucesso na região, como a Shein, utilizando o modelo cross-border como uma forma de testar o mercado antes de decidir se estabelecer permanentemente no Brasil.

Essa competição entre e-commerces nacionais e internacionais apresenta vantagens e desvantagens para ambas as partes. As empresas nacionais têm uma compreensão mais profunda do mercado local, enquanto as internacionais podem oferecer preços mais competitivos devido ao acesso a recursos mais baratos. No entanto, a situação econômica do Brasil, marcada pela alta das taxas de juros e pelas flutuações da moeda, complica a competitividade do comércio eletrônico.

A expansão do comércio eletrônico também é afetada por questões globais, como diplomáticas e de políticas tarifárias. A busca por diversificação se torna uma estratégia para empresas que desejam reduzir riscos, especialmente em um mercado tão globalizado. Um especialista do setor observa que muitas empresas estão explorando vendas em mercados internacionais para não depender exclusivamente de um único local.

Alternativas para a diversificação incluem a expansão para novos segmentos de mercado ou serviços complementares, como demonstrado pela Magalu, que agora oferece uma plataforma de produtos e serviços em nuvem e uma carteira digital. Algumas empresas têm conseguido contornar os desafios impostos pelos altos juros ao implementar táticas como descontos em pagamentos à vista, redução nas parcelas e otimização de custos logísticos por meio da tecnologia.

Por fim, é essencial que o comércio eletrônico brasileiro busque inovação nas suas práticas. A adaptação às novas tecnologias e a implementação de estratégias de fidelização ao cliente são cruciais para manter a competitividade. Apesar dos desafios, o setor de e-commerce no Brasil tem demonstrado resiliência ao longo dos anos, superando períodos de volatilidade econômica.

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