25 março 2025
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“Desconsiderar a Crise Climática Pode Reduzir em 1/3 o PIB Mundial até o Final do Século”

O Produto Interno Bruto (PIB) global pode sofrer um impacto significativo devido a condições climáticas adversas. Estima-se que bilhões de pessoas poderão perder suas fontes de renda e que a produção econômica poderá cair até 34% caso a temperatura média da Terra aumente em 3 graus Celsius até o final deste século. No entanto, um investimento de menos de 2% do PIB atual poderia mitigar grande parte dessas perdas, segundo um relatório recente elaborado pelo Boston Consulting Group (BCG) e pela Universidade de Cambridge.

A análise dos dados econômicos e científicos revelou que a maior parte dos prejuízos econômicos nos próximos anos não advirá de eventos climáticos extremos, como inundações e incêndios, mas principalmente da diminuição da produtividade. Isso se deve à redução da força de trabalho, interrupções nas cadeias de suprimento e ao colapso de setores fundamentais, como a pesca e o turismo. De 2000 a 2023, os Estados Unidos enfrentaram perdas diretas de aproximadamente US$ 700 bilhões (equivalente a R$ 4,01 trilhões) devido a desastres naturais relacionados às mudanças climáticas, enquanto os prejuízos à produtividade chegaram a quase seis vezes esse valor, totalizando US$ 4 trilhões (R$ 22,92 trilhões).

Os autores do relatório destacam que a perda de produtividade é um dos principais fatores que contribuem para os danos econômicos, superando até mesmo a destruição de capital. Além disso, as mudanças climáticas têm potencial para reduzir a renda de todas as nações, afetando uma ampla gama de indústrias, incluindo transporte, manufatura e varejo, além da agricultura e outros setores tradicionais dependentes da natureza.

O relatório também enfatiza que, ao investir de 1% a 2% do PIB em iniciativas para a redução das emissões de gases de efeito estufa e adaptação às consequências das mudanças climáticas, é viável limitar o aquecimento a 2 graus Celsius, o que poderia resultar em uma diminuição dos danos econômicos em até 90%. Nesse cenário, as perdas econômicas poderiam variar de 2% a 4% do PIB. Para que esse potencial retorno seja alcançado, seria necessário aumentar os investimentos em projetos de mitigação em nove vezes e em adaptação em treze vezes. Os autores argumentam que o retorno sobre esses investimentos é substancial.

Além disso, a análise dos ganhos acumulados gerados por investimentos climáticos sugere que pode haver um retorno econômico entre 11% e 27%. A partir dessas economias, apenas uma fração, correspondente a um octogésimo, ou US$ 324 bilhões (R$ 1,85 trilhão), seria suficiente para eliminar a pobreza extrema global. Por sua vez, um sétimo das economias poderia suprir todas as necessidades de investimento em infraestrutura do mundo neste século, abrangendo energia, telecomunicações, transporte e abastecimento de água.

O relatório propõe cinco ações estratégicas para conscientizar o público e os líderes políticos sobre os riscos e oportunidades relacionados às mudanças climáticas e à importância do investimento nesse contexto. Estas ações incluem reformular o debate sobre os custos das mudanças climáticas, tornar mais transparente o custo da inação, fortalecer políticas climáticas nacionais, promover a cooperação internacional e aprofundar a compreensão dos custos da inação.

A publicação deste relatório ocorre em um momento em que um estudo de analistas financeiros alertou sobre os “impactos sociais e econômicos catastróficos” que podem advir das metas climáticas atuais, que não consideram adequadamente as ameaças à natureza e à sociedade. Especialistas do Instituto e Faculdade de Atuários (IFoA) afirmam que os riscos das mudanças climáticas não mitigadas têm sido grandemente subestimados, o que pode resultar em perdas de até 50% do PIB global entre 2070 e 2090.

A importância de uma abordagem proativa na luta contra as mudanças climáticas é ressaltada pela fala de especialistas, que enfatizam que a natureza é essencial para a sobrevivência da sociedade e que ameaças à sua estabilidade podem comprometer a prosperidade futura da humanidade. Portanto, a ação é vista como fundamental para evitar consequências desastrosas.

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