Uma réplica digital do Titanic foi recentemente desenvolvida, trazendo novas informações sobre a noite de 15 de abril de 1912, quando o navio colidiu com um iceberg e afundou no Oceano Atlântico, resultando na morte de mais de 1.500 pessoas. Esta reprodução em três dimensões foi elaborada a partir de mais de 700 mil imagens obtidas por robôs submersíveis a 3.800 metros de profundidade, permitindo, pela primeira vez, uma visualização completa e detalhada do local do naufrágio.
A parte da proa do Titanic, ainda visível, está posicionada verticalmente no fundo do mar, dando a impressão de que o navio poderia retomar sua viagem. Em contraste, a popa está significativamente danificada e deformada, consequência do impacto com o leito marinho após o rompimento do casco. As imagens capturadas também mostram uma das salas de caldeiras do navio, localizada na seção dianteira, precisamente onde ocorreu a fratura. Algumas caldeiras apresentaram-se afundadas de forma côncava, sugerindo que estavam em funcionamento no momento da submersão. Também foi encontrada uma válvula de vapor aberta sobre o convés da popa, indicando que o sistema elétrico estava ativo até os momentos finais do desastre.
Essas observações corroboram relatos históricos de que as luzes do navio permaneceram acesas até o seu desaparecimento, o que pode ter contribuído para o lançamento mais seguro dos botes salva-vidas. O esforço dos engenheiros que tentavam manter o fornecimento elétrico pode ter sido crucial para a sobrevivência de centenas de pessoas, embora nenhum membro da equipe tenha conseguido escapar do naufrágio.
Adicionalmente, uma simulação computacional baseada nos planos originais do Titanic e nas circunstâncias da colisão revelou que os danos causados pelo iceberg foram relativamente limitados, mas distribuídos de maneira crítica. A análise sugere que o casco do navio apresentou uma série de perfurações do tamanho de uma folha A4, dispostas ao longo de uma faixa estreita. Embora essas rachaduras fossem pequenas, elas afetaram seis compartimentos estanques, superando o limite de quatro que o navio poderia suportar sem afundar.
Com os compartimentos danificados, a água começou a ingressar lentamente na estrutura, transbordando de um para o outro até que o Titanic perdeu sua estabilidade. A área inferior da proa, onde ocorreram os danos, está coberta por sedimentos, o que impede sua visualização nas imagens do escaneamento. Contudo, a combinação de simulação e mapeamento digital oferece um retrato abrangente do que ocorreu naquela noite fatídica.
O projeto faz parte do documentário “Titanic: The Digital Resurrection”, desenvolvido pela National Geographic em colaboração com a Atlantic Productions. A iniciativa utilizou tecnologia de escaneamento de ponta para capturar imagens de alta definição do naufrágio, proporcionando aos pesquisadores uma visão integral do local, algo que não poderia ser alcançado por meio de submersíveis tradicionais, que tendem a oferecer apenas imagens parciais e mal iluminadas.
Além de detalhar o estado atual da estrutura e a disposição dos destroços, a réplica tridimensional do Titanic revelou elementos simbólicos e dramáticos. Um dos destaques é um escotilhão danificado, que possivelmente foi atingido pelo iceberg. Essa ruptura reforça os relatos de sobreviventes que afirmaram que blocos de gelo invadiram algumas cabines durante o impacto. Objetos pessoais de passageiros ainda espalhados pelo fundo do oceano servem como recordações do drama humano enfrentado naquela madrugada.