Um grupo de torcedores do Arsenal, conhecido como “Gunners for Peace”, está realizando um protesto significativo na Inglaterra contra o patrocínio de “Visit Rwanda”, que atualmente aparece na manga do uniforme da equipe. Esses torcedores expressam sua oposição com base em alegações de que o governo ruandês estaria apoiando a milícia M23, envolvida em conflitos na República Democrática do Congo. Este mesmo grupo lançou a campanha “Visit Tottenham”, que menciona o rival histórico do Arsenal, como parte de sua crítica ao patrocínio. A justificativa para essa manifestação foi compartilhada em um vídeo nas redes sociais.
Os torcedores enfatizam a reputação e os padrões do Arsenal, afirmando que “Visit Rwanda” deve ser encerrado, dado que o regime em questão é acusado de financiar uma milícia, resultando em uma crise humanitária na região. Em suas declarações, insistem que qualquer alternativa seria preferível ao atual patrocínio. Os torcedores expressam a preocupação de que o clube não deve “vender a alma ao melhor pagador” e criticam a visibilidade do patrocínio associada ao sofrimento humano.
Recentemente, a República Democrática do Congo sofreu um aumento na violência, que levou ao deslocamento de milhares de civis, com a ONU descrevendo a situação como “verdadeiramente inimaginável”. O contrato de patrocínio entre o Arsenal e o governo ruandês foi estabelecido em 2018, com um valor de 10 milhões de libras por temporada, destinado a promover o turismo no país africano.
O impacto do patrocínio no clube é notável, especialmente porque ele se associa à identidade emocional dos torcedores. Um especialista em marketing esportivo observa que esse tipo de apoio financeiro revela a necessidade de um alinhamento de valores entre a marca, o clube e seus fãs. Quando esse alinhamento se quebra, como muitos torcedores sentem que ocorre no caso de “Visit Rwanda”, a resposta da torcida pode ser rápida e contundente.
A relação de um dos clubes mais ricos da Inglaterra com um governo autoritário de uma nação entre as mais pobres do mundo também gera descontentamento entre os torcedores. Os protestos refletem não apenas preocupações econômicas e de reputação do clube, mas também um forte vínculo entre a identidade dos torcedores e valores éticos. Quando a ética entra em conflito com a paixão pelo time, isso pode levar a um engajamento ativo contra a situação.
Fenômenos como o “sportswashing” são frequentemente observados no mundo esportivo, e a postura dos torcedores do Arsenal é vista como uma defesa dos valores tradicionais do clube contra a mercantilização excessiva. O investimento financeiro oriundo de patrocínios não deve, segundo especialistas, sobrepor a tradição e a identidade que os clubes representam.