A canonização é o processo pelo qual a Igreja Católica reconhece oficialmente uma pessoa como santa. Para que este título seja concedido, é necessário que o indivíduo tenha levado uma vida de acordo com a fé católica e virtudes. O primeiro passo nesse reconhecimento é a beatificação, que ocorre após um conjunto de indicações e procedimentos na Igreja. Para que alguém seja declarado beato, é necessário que ao menos um milagre seja comprovado; para a canonização, requer-se um segundo milagre, exceto nos casos de martírio, onde essa condição pode ser dispensada. Cada caso é analisado individualmente, podendo variar conforme a decisão do papa em exercício.
Atualmente, a documentação de milagres está sendo cuidadosamente elaborada pela Igreja. O milagre, no contexto católico, é entendido como um ato poderoso, realizado pelo intercessor, que resulta na cura de alguém. Antes de reconhecer um milagre, a Igreja verifica os casos com a ajuda de uma equipe médica para assegurar que não há explicação científica que invalidasse a intervenção divina. Tanto a beatificação quanto a canonização são processos que precisam ser geralmente aprovados pelo Vaticano e pelo papa.
O papa Francisco, que começou seu pontificado em 13 de março de 2013, é conhecido por promover diversas canonizações e beatificações. Conforme informou o Dicastério das Causas dos Santos, até março de 2025, ele já havia canonizado 929 pessoas. Neste ano, estão programadas duas novas canonizações: a do britânico Carlo Acutis, reconhecido como padroeiro da internet, e a do italiano Pier Giorgio Frassati.
A mensagem que o papa Francisco tem transmitido aos católicos é a de que a santificação deve ser uma realidade acessível na vida cotidiana. Ele enfatiza que as virtudes teologais – fé, esperança e caridade – são práticas que podem qualificar a vida de qualquer cristão, incentivando que cada um busque a santidade em suas atividades diárias.
Desde que assumiu o papado, Francisco já canonizou e beatificou vários brasileiros. Entre eles, destaca-se Santa Dulce dos Pobres, beatificada em 2011 pelo papa Bento XVI e canonizada em 13 de outubro de 2019 pelo papa Francisco. Irmã Dulce, nome de nascimento Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, nasceu em 26 de maio de 1914 em Salvador, na Bahia, e dedicou sua vida a servir os mais necessitados, falecendo em 1992. O processo de sua canonização teve início em 2000, e segundo registros, o primeiro milagre atribuído a ela ocorreu em 2001, quando uma mulher que sofria de hemorragia teve sua cura após orações direcionadas a Irmã Dulce.
Outro exemplo são os Mártires de Cunhaú e Uruaçu, canonizados em 15 de outubro de 2017. Seus martírios ocorreram em 1645, no Rio Grande do Norte, durante a invasão de calvinistas holandeses, incluindo nomes como padre André de Soveral e padre Ambrósio Francisco Ferro.
São José de Anchieta, também canonizado por Francisco em 24 de abril de 2014, foi um sacerdote missionário que dedicou sua vida à catequese de indígenas no Brasil. Nascido em 1534, na Espanha, ele morreu em 1597, e sua canonização foi realizada de forma equipolente, reconhecendo sua santidade sem a necessidade de atender a todos os requisitos normalmente exigidos.
Outros brasileiros recentemente reconhecidos incluem a beata Isabel Cristina, cujo martírio foi reconhecido em 2020. Ela foi assassinada em 1982 em Minas Gerais, enquanto tentava resistir a uma tentativa de violência sexual. Além dela, Benigna Cardoso da Silva foi beatificada em 24 de outubro de 2022, sendo lembrada por sua resistência diante da violência.
A lista de beatos também conta com Donizetti Tavares de Lima, beatificado em 23 de novembro de 2019, e João Schiavo, beatificado em 28 de outubro de 2017. Cada um deles teve suas histórias marcadas por milagres reconhecidos que, segundo relatos, interpuseram as ações divinas em suas vidas, confirmando sua santidade.
As canonizações e beatificações são uma parte importante da vivência católica, refletindo o valor atribuído pela Igreja aos testemunhos de fé e virtude, inspirando a comunidade a se engajar na busca pela santidade e na prática das virtudes teológicas.
