22 fevereiro 2025
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Descubra se o Seu Cão Possui Comportamento Selvagem!

Os cães possuem hábitos de sono que revelam aspectos intrigantes sobre a interação com os humanos, trazendo à tona informações valiosas sobre seu comportamento. As rotinas de sono e vigília desses animais podem até contribuir para estudos sobre o sono e o bem-estar humano.

Os cães domésticos, em geral, apresentam hábitos de sono predominantemente diurnos, com a maior parte do descanso acontecendo à noite, entre 21h e 6h. No entanto, ao contrário dos seres humanos, eles costumam ter diversos períodos de sono ao longo do dia, especialmente durante a tarde.

Pesquisas indicam que, em média, um cão de estimação dorme cerca de dez horas por dia. Entretanto, a medição precisa do sono em um período de 24 horas é desafiadora, pois o estado de sonolência, que envolve descanso com os olhos fechados, compõe uma parte significativa da rotina diária dos cães. Consequentemente, as estimativas acerca do tempo total dedicado ao sono variam bastante, indo de sete a 16 horas.

O lobo cinza, ancestral dos cães, habitualmente exibe padrões de sono noturno ou crepuscular na natureza. No entanto, esses animais também demonstram variabilidade em seus ciclos de sono-vigília, influenciados por fatores como a presença humana, a disponibilidade de alimentos e as condições climáticas. Em cativeiro, os lobos, assim como os cães, adotam um ritmo circadiano diurno, moldando seu sono de acordo com a alimentação e as atividades humanas. Cães que vivem em liberdade tendem a seguir padrões mais semelhantes aos de seus ancestrais selvagens, com uma tendência para atividades crepusculares ou noturnas. Em ambientes urbanos, os canídeos selvagens podem adaptar seus ciclos de sono aos hábitos humanos.

Esses dados apontam que a domesticação pode não ter alterado os hábitos de sono dos cães de modo direto, mas, sim, sua rotina parece ser mais afetada pelo estilo de vida humano e por diferentes circunstâncias. Quando deixados em um ambiente selvagem, os cães têm maior chance de adotar padrões de sono semelhantes aos de seus ancestrais.

Os cães passam por vários estágios de sono, incluindo sonolência, sono leve de movimento não rápido dos olhos (NREM) e sono profundo de movimento rápido dos olhos (REM), sendo este último o estágio onde a maioria dos cães sonha. Em média, os cães passam cerca de 2,9 horas por dia em sono REM, superando o tempo de sono REM dos humanos, que é cerca de 1,9 horas por dia. Contudo, um estudo de 2022 revelou que cães em interação social passaram menos tempo em sono REM do que os lobos, embora ambas as espécies apresentassem tempos semelhantes nos estágios restantes.

A natureza do sono REM pode estar ligada à domesticação; espécies que enfrentam maiores riscos de predadores tendem a ter períodos reduzidos nesse estágio de sono quando comparadas a animais em ambientes mais seguros. Essa descoberta despertou curiosidade em relação ao sono REM e sua função na domesticação.

Os cães costumam ter períodos de sono mais profundo durante a noite, enquanto os cochilos diurnos tendem a ser mais leves. Como muitos outros animais, incluindo ratos e ouriços, eles frequentemente despertam após o sono REM, uma adaptação evolucionária para se manterem alertas a possíveis perigos em seu entorno.

A flexibilidade nos ciclos de sono-vigília permite que os cães se ajustem rapidamente a mudanças em suas rotinas, como demonstrado por cães detectores de drogas que se adaptam bem a alterações em seus horários de trabalho, sem afetar seus padrões de sono.

A qualidade e a duração do sono dos cães variam ao longo do tempo, assim como entre diferentes cães. A medida que envelhecem, seu sono tende a ser mais fragmentado, apresentando menos episódios de REM à noite e mais sono NREM durante o dia. Fatores como sexo, nível de atividade, bem-estar, ambiente e interações sociais também influenciam a qualidade do sono canino. A privação de cochilos diurnos geralmente resulta em um início mais rápido do sono noturno e em um aumento do sono REM.

A razão pela qual os cães, assim como outros animais, dormem ainda é um tema debatido entre os cientistas, embora se saiba que o sono desempenha um papel crucial na restauração física. A consolidação da memória, que está intimamente relacionada ao sono REM, é possivelmente a função mais pesquisada do sono. Estudos têm mostrado que o sono ajuda na facilitação do aprendizado.

Pesquisadores húngaros, em 2017, descobriram que a recuperação da memória dos cães melhorou significativamente após o aprendizado de novas palavras, seguido de um período de sono de três horas. Além disso, a natureza do sono canino, assim como a humana, pode ser influenciada por experiências emocionais; a mesma pesquisa observou que experiências negativas aumentaram o sono REM e diminuíram a sonolência, levantando a necessidade de mais investigações sobre esses aspectos, considerando a semelhança do funcionamento cognitivo entre cães e humanos.

Atualmente, os cientistas utilizam cães como modelos para estudar distúrbios do sono em humanos, como narcolepsia e distúrbios de comportamento REM, além de questões relacionadas ao envelhecimento, similar à demência em humanos. Apesar de estar em suas fases iniciais, essas pesquisas já começam a gerar dados que podem ser valiosos para compreender melhor a doença de Alzheimer e para abordar problemas de saúde relacionados à idade.

Os dados disponíveis indicam que o sono não é um tempo desperdiçado para os cães. Há um vasto campo a ser explorado sobre os ritmos biológicos dos animais com os quais convivemos, portanto, é importante respeitar e permitir que os cães continuem a dormir.

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