8 abril 2025
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Desnutrição: Causa da Morte de Brasileiro em Prisão Israelense Revelada por Autópsia

O resultado de uma autópsia revelou que um adolescente brasileiro-palestino, identificado como Walid Khalid Ahmad, de 17 anos, faleceu em decorrência de desnutrição severa em uma prisão israelense. Ahmad é o primeiro menor a falecer sob custódia das autoridades israelenses desde o início do conflito entre o Hamas e Israel em outubro de 2023, conforme informações da Sociedade dos Prisioneiros Palestinos (PPS). A morte ocorreu na Prisão de Megido, em Israel, em 22 de março, de acordo com a família e uma declaração conjunta da PPS e da Comissão Palestina de Assuntos de Detentos. O jovem havia sido detido em 30 de setembro do ano anterior, em sua residência em Silwad, cidade palestina próxima a Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

A detenção do adolescente foi fundamentada em supostas acusações relacionadas a atos contra autoridades israelenses, que teriam ocorrido entre 2020 e 2023, envolvendo a utilização de pedras e coquetéis molotov. A família de Ahmad refuta as alegações. A PPS enfatizou que o adolescente nunca foi formalmente acusado e que as audiências judiciais foram sistematicamente adiadas. Após cinco dias do falecimento de Ahmad, seu corpo foi submetido a exame no Instituto Forense Abu Kabir, em Tel Aviv, conforme um relatório de autópsia compartilhado pela família.

O estudo post-mortem indicou sinais de perda severa de peso e massa muscular, incluindo emagrecimento acentuado na região abdominal e “praticamente ausência de massa muscular ou gordura subcutânea em tronco e extremidades”. O relatório detalhou que a condição de Ahmad era compatível com desnutrição extrema, possivelmente prolongada, e que o estado caquético e queixas de ingestão alimentar inadequada estavam presentes desde pelo menos dezembro de 2024. A análise ainda ressaltou que a desnutrição pode aumentar o risco de complicações infecciosas graves, como sepse.

Organizações e serviços relacionados à segurança em Israel não responderam prontamente a questionamentos sobre os motivos da detenção do adolescente e a formalização de quaisquer acusações. O Ministério da Justiça de Israel remeteu o caso ao Serviço Prisional para investigações. A PPS informou que Ahmad não apenas representa o primeiro caso de um menor falecido sob custódia israelense desde outubro de 2023, mas o primeiro desde 1967, embora essa afirmação não tenha sido corroborada.

Desde o início do conflito em 2023, pelo menos 63 palestinos, oriundos de Gaza e da Cisjordânia, faleceram sob detenção israelense, apontou a PPS. O Serviço Prisional de Israel informou que, após receber o relatório inicial sobre a condição do detido, uma equipe médica foi convocada e agiu conforme necessário. Além disso, uma equipe investigativa foi designada para apurar a situação e suas conclusões serão encaminhadas às autoridades competentes.

O pai de Ahmad, Khalid, relatou que, em 30 de setembro de 2024, forças israelenses realizaram uma operação em sua casa durante a madrugada e prenderam seu filho. A família teve permissão para participar de várias audiências remotas por videoconferência. Khalid foi notificado a respeito do falecimento do adolescente dois dias após o ocorrido. Posteriormente, recebeu uma ligação da equipe médica responsável pela autópsia, que informou sobre as circunstâncias da morte de seu filho.

Antes de sua detenção, Ahmad era um atleta ativo e não apresentava doenças conhecidas, segundo seu pai, que acusou o sistema prisional de ser responsável pelo falecimento do jovem. Khalid retratou seu filho como um jovem de grandes valores, expressando surpresa pelo que aconteceu. A Comissão sobre Assuntos de Detentos, em conjunto com a PPS, classificou a morte de Ahmad como um indicativo da gravidade do abuso enfrentado por detentos nas prisões israelenses, que afeta inclusive crianças.

O Brasil, por meio do Itamaraty, solicitou esclarecimentos ao embaixador de Israel no país, sobre o caso envolvendo a morte de Walid Khalid Ahmad. A reunião ocorreu em 24 de março, com a presença do secretário de África e Oriente Médio do Itamaraty, Carlos Duarte. Embora a conversa já tivesse sido agendada anteriormente, outros assuntos também foram abordados. O pedido de explicações é parte dos esforços realizados pelos postos diplomáticos brasileiros na região para esclarecer a situação.

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