Hana Gabriela Albuquerque, com 21 anos, é uma estudante de engenharia química no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Ela é a primeira pessoa do Amazonas a ingressar nesta renomada instituição, que ocupa a segunda posição no ranking global da Times Higher Education, atrás apenas da Universidade de Oxford. Em uma entrevista, Hana compartilhou a rotina acadêmica e os desafios que enfrentou para chegar a uma das melhores universidades dos Estados Unidos, ressaltando a influência de sua origem nesse percurso.
A estudante enfatizou que sua procedência tem um impacto significativo em suas conquistas. A visibilidade de suas realizações é ampliada, considerando que a região Norte do Brasil, em geral, é frequentemente negligenciada e, por isso, oferece menos oportunidades. Hana expressa perplexidade ao refletir sobre suas conquistas, atribuindo-as tanto ao esforço individual quanto ao apoio de familiares e amigos.
Hana também comentou sobre as vantagens do sistema educacional norte-americano. Para ela, não é comum considerar que é possível acessar outras áreas de interesse, como música, através de clubes ou aulas gratuitas na universidade. Nos Estados Unidos, a graduação é vista como um espaço para o desenvolvimento de uma variedade de interesses, não se limitando ao aspecto profissional.
Durante os primeiros semestres de seu curso, Hana colaborou com o professor Bradley Olsen em um projeto que investigava o uso de resíduos de peixes amazônicos para a produção de embalagens sustentáveis. No período de férias de verão, trabalhou por três meses na Universidade Federal do Oeste do Pará, desenvolvendo um aplicativo para otimizar o inventário florestal na Amazônia.
A estudante frisou a alta demanda acadêmica no MIT, destacando que, embora o número de disciplinas por semestre seja menor em comparação com o Brasil, a carga de trabalho é consideravelmente mais intensa. Os trabalhos e projetos têm um peso maior na avaliação do que a presença nas aulas, exceto nas de humanidades. Existe também uma expectativa de que os alunos se envolvam em atividades extracurriculares, o que contribui para uma rotina bastante exigente.
Em relação à comunidade brasileira no MIT, Hana mencionou que a instituição costuma receber de dois a quatro estudantes do Brasil anualmente. Juntamente com o estudante Rafael Moreno, ela fundou o clube BR@MIT, dedicado a promover a cultura brasileira no campus através de atividades como exibições de filmes e jantares comunitários.
Para aqueles que almejam estudar no MIT, Hana recomenda a participação em olimpíadas científicas. Ela observa que muitos dos estudantes brasileiros aceitos no MIT foram, antes, representantes do Brasil em competições internacionais. Além disso, encoraja os interessados a não desanimarem perante os desafios do processo seletivo, ressaltando que existem organizações sem fins lucrativos que oferecem auxílio e mentoria.
Outro aspecto importante mencionado é a fluência em inglês. Hana compartilhou que precisou tirar um ano sabático exclusivamente para focar no aprendizado da língua, dada a sua insegurança antes de realizar os testes de proficiência necessários para a admissão.
Em relação ao futuro, a intenção de Hana é continuar seus estudos no exterior, buscando oportunidades de pós-graduação nos Estados Unidos ou na Europa. Embora tenha um desejo de atuar no Brasil, ela acredita que as oportunidades na área de ciências são bastante limitadas no país.
Finalmente, a estudante reconhece o papel fundamental que sua família teve em sua jornada. Seu pai, que completou apenas o sexto ano do ensino fundamental, e sua mãe, que interrompeu os estudos, sempre priorizaram a educação dos filhos, mesmo enfrentando dificuldades. Hana destaca o orgulho que seus pais sentem pelas conquistas que obteve através do estudo.