15 abril 2025
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Dólar atinge quase R$ 6,00 com aumento da tensão entre Trump e China; Ibovespa registra queda

O real, que recentemente teve desempenho melhor do que suas moedas semelhantes, sofreu a maior desvalorização entre as principais moedas nesta terça-feira, dia 8. Esse cenário ocorre no contexto de preocupações crescentes sobre uma desaceleração econômica mais acentuada nos Estados Unidos devido a novas tarifas.

Durante a tarde, o dólar continuou a registrar ganhos, em meio ao aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. O dólar encerrou essa terça-feira em alta pelo terceiro dia consecutivo no mercado local, aproximando-se do patamar psicológico de R$ 6,00. A moeda estadunidense atingiu a máxima de R$ 6,0054 e fechou a R$ 5,9979, um aumento de 1,48% e o maior fechamento desde 21 de janeiro. Desde o início de abril, o dólar já acumula um ganho de 5,13%. As perdas anuais, que ultrapassavam 8%, foram reduzidas para 2,95%.

O dia foi difícil para as divisas de mercados emergentes, especialmente aquelas mais associadas à China. O real, que se destacava positivamente nos últimos días, foi a moeda com a maior queda entre as mais relevantes. No mercado offshore, o yuan alcançou seu menor nível histórico em relação ao dólar, o que é desfavorável para exportadores de commodities, como o Brasil.

A atenção focou no prazo estabelecido por Donald Trump para que a China retirasse suas tarifas retaliatórias, que expirou às 13 horas (horário de Brasília) dessa terça-feira. A China optou por manter suas tarifas e declarou que está disposta a “lutar até o fim”, além de ter iniciado uma disputa formal contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC).

A Casa Branca então anunciou a imposição de uma sobretaxa de 50% sobre produtos importados da China a partir de quarta-feira, dia 9, elevando a tarifa total para 104% em produtos exportados para os EUA. Essa escalada nas tensões comerciais aumentou a aversão ao risco, fazendo com que o dólar ultrapassasse a marca de R$ 6,00. Embora a moeda tenha moderado os ganhos e chegado a trabalhar abaixo de R$ 5,98, ela voltou a se aproximar de R$ 6,00 devido à crescente aversão ao risco e ao declínio das bolsas de valores em Nova York. Uma declaração do porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, sobre a possibilidade de produção de iPhones nos EUA, um produto que a Apple fabrica principalmente na China, também impactou o mercado.

Operadores relataram a saída de capitais de ativos locais. Dados da B3 indicam que investidores estrangeiros retiraram R$ 3,605 bilhões da bolsa brasileira em abril até o dia 4. Apesar disso, o fluxo de capital externo permanece positivo em R$ 7,037 bilhões no acumulado do ano. O índice DXY, que acompanha o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, registrou uma queda de cerca de 0,31% no final da tarde, abaixo de 103,000 pontos, com mínima em 102,753 pontos. O franco suíço e o iene, considerados refúgios tradicionais em períodos de estresse, também apresentaram perdas após uma sequência de ganhos.

As preocupações com uma desaceleração econômica nos Estados Unidos devido às tarifas aumentaram as expectativas de um alívio monetário. Um monitoramento do CME Group indicou que a probabilidade de uma redução de 25 pontos-base na taxa básica de juros dos Estados Unidos em maio está crescendo entre os investidores.

No início da tarde, o presidente do Federal Reserve de Chicago, Austan Goolsbee, expressou dúvidas sobre a rapidez e a intensidade com que as tarifas afetariam os preços, mas destacou que a confiança do consumidor americano está diminuindo, o que geralmente resulta em queda no consumo. Mary Daly, presidente do Fed de São Francisco, também mencionou a preocupação com um leve aumento da inflação decorrente das tarifas e afirmou que a política monetária está em uma posição “modestamente restritiva”, refletindo declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

A intensificação das tensões comerciais entre Estados Unidos e China contribuiu para a percepção de uma desaceleração econômica mundial, o que tende a limitar a demanda por commodities. Assim, ações ligadas ao minério de ferro e ao petróleo, que possuem grande peso na bolsa brasileira, foram destacadas em suas baixas, impactando o índice Ibovespa, que caiu para abaixo dos 124 mil pontos na tarde desta terça-feira.

O fechamento do Ibovespa foi em queda de 1,32%, a 123.931,89 pontos, após ter atingido mínima de -1,70% em 123.454,24 pontos e máxima de +1,64% a 127.651,60 pontos. O volume financeiro totalizou R$ 27,4 bilhões. O índice apresentou sua máxima pela manhã, impulsionado pela recuperação do mercado em Wall Street. O mercado aguardava com expectativa o prazo imposto pelos EUA para que a China eliminasse sua tarifa recíproca de 34% em resposta às tarifas americanas.

No entanto, próximo ao vencimento do prazo, a China não apenas manteve sua tarifa, mas também afirmou que está preparada para “lutar até o fim” caso o governo Trump prossiga com a aplicação de sobretaxas, além de iniciar uma ação na OMC contra as tarifas recíprocas. Essa retaliação levou o Ibovespa a registrar mínimas, seguindo o movimento das bolsas de Nova York, que ainda tentavam se recuperar.

Depois disso, os EUA confirmaram a nova sobretaxa de 50% sobre produtos da China, elevando o total para 104% a partir da quarta-feira, o que fez o Ibovespa chegar a novas mínimas e apagou os ganhos nas bolsas de Wall Street. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, mencionou que Trump “deseja um acordo com a China, mas não sabe como começar”.

A carteira teórica da bolsa apresenta forte influência de ações ligadas à China e commodities, e a tensão comercial global acentuou a pressão sobre o setor de petróleo. As ações da Vale e da CSN caíram mais de 5%, enquanto a Petrobras registrou uma queda de mais de 3%. O setor financeiro, comumente representado pelas blue chips, também enfrentou desvalorizações em bloco.

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