O dólar registrou uma significativa queda na terça-feira, dia 22, após o feriado prolongado de Páscoa e Tiradentes, encerrando a sessão abaixo da marca de R$ 5,75. Esse movimento foi impulsionado pelo enfraquecimento da moeda americana em relação a outras divisas emergentes, favorecido pela valorização de commodities, especialmente do petróleo, e pelo aumento do apetite ao risco no exterior. O real pode ter absorvido parte da queda da moeda americana observada anteriormente, quando investidores se afastaram de ativos dos Estados Unidos devido à instabilidade gerada pelos comentários de Donald Trump sobre o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. No contexto das divisas mais líquidas, o real destacou-se com o segundo melhor desempenho, superado apenas pelo peso chileno. Ontem, o índice DXY, que mede o valor do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, caiu para seu nível mais baixo desde o final de março de 2022, mas hoje, ao final da tarde, apresentava uma alta de aproximadamente 0,70%, acima dos 98,900 pontos.
Apesar da ausência de indícios de recuo por parte de Trump, o apetite por risco melhorou, resultando em uma recuperação das bolsas de Nova York, que apresentaram ganhos superiores a 2%. O ouro, tradicionalmente considerado um refúgio seguro em tempos de incerteza, alcançou um recorde histórico recentemente, mas apresentou recuo hoje. Durante a tarde, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, indicou que o impasse nas tarifas com a China era insustentável e previu uma diminuição das tensões, segundo informações da Bloomberg. No fechamento da sessão, o dólar à vista, que atingiu um mínimo de R$ 5,7184, encerrou com uma queda de 1,30%, cotado a R$ 5,7284 – o menor valor de fechamento desde 3 de abril, quando foi anunciado um pacote de tarifas pelos EUA, que Trump chamou de “Dia da Libertação”. Apesar da queda, o dólar apresenta uma leve valorização de 0,40% no mês.
O presidente do Federal Reserve alertou que as tarifas adicionais elevam a incerteza e podem pressionar a inflação, sugerindo uma abordagem mais cautelosa na política monetária. Em contraste, Trump vem demandando a redução das taxas de juros, acusando Powell de ter um viés político e ameaçando demiti-lo, apesar da independência do Fed. O presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, destacou que Powell está realizando um “ótimo trabalho” e que as decisões do Banco Central americano são baseadas em critérios técnicos. Kashkari enfatizou a importância de manter as expectativas de inflação sob controle, embora seja prematuro avaliar a futura trajetória da política monetária.
Durante a tarde, a secretária de Comunicação da Casa Branca, Karoline Leavitt, reafirmou que Trump deixou evidente sua visão em relação ao Fed e a Powell, pedindo um corte nas taxas de juros e expressando o desejo de que o dólar mantenha sua posição como moeda de reserva mundial. No Brasil, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reiterou em uma audiência no Senado a preocupação com a inflação elevada e a necessidade de manter uma política monetária restritiva. Ele destacou que o processo de aumento da Selic no final de 2024 tornou menos atrativa a aposta contra o real, mas reafirmou que o regime cambial é flutuante e que o Banco Central possui uma meta de inflação a ser respeitada.