O reajuste tarifário anunciado pelos Estados Unidos sobre produtos importados da China gerou instabilidades no mercado financeiro nesta terça-feira, dia 8. No Brasil, o dólar ultrapassou a marca de R$ 6,00, enquanto o índice Ibovespa enfrentou uma queda, impactado pelas desvalorizações das ações de empresas como Petrobras e Vale. O fechamento do dólar à vista registrou um aumento de 1,49%, alcançando R$ 5,9985, o maior valor desde 21 de janeiro deste ano. Nos últimos três dias, a moeda norte-americana subiu R$ 0,37, resultado de tensões relacionadas à guerra comercial. No acumulado do mês, a valorização chega a 5,11%.
O índice principal da bolsa de valores brasileira também sofreu com os desdobramentos da disputa tarifária, fechando em baixa apesar de uma leve recuperação, com pontuação de 123.931,89 e uma queda de 1,32%. O otimismo no início do dia se dissipou rapidamente, com o dólar apresentando oscilações que o levaram a valorizações frente ao real. As tensões aumentaram quando a China se recusou a ceder às exigências dos EUA, mantendo um imposto de retaliação de 34% sobre produtos americanos, levando o governo dos EUA a estabelecer tarifas de 104% sobre produtos chineses, efetivas a partir de amanhã, dia 9.
O governo americano, sob a administração de Donald Trump, relatou que cerca de 70 países expressaram interesse em negociar as tarifas de importação. Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, afirmou que Trump se mostraria “incrivelmente gentil” se a China mostrasse disposição para dialogar, mas que tomaria decisões em prol do interesse americano. Em Wall Street, o início da semana teve ganhos significativos, mas o ímpeto positivo se esgotou, resultando em uma queda de 1,57% no S&P 500.
A interconexão entre as economias brasileira e chinesa foi ressaltada por Jefferson Rugik, diretor de uma corretora, destacando que problemas comerciais na China impactam diretamente o Brasil. Durante o dia, o dólar apresentou uma variação significativa, começando em R$ 5,8607 e atingindo um pico de R$ 6,0060. Gabriel Redivo, diretor de gestão de uma empresa de investimentos, comentou sobre a alta volatilidade do mercado, evidenciada pelo índice VIX, que passou de 60 pontos na segunda-feira, um sinal de apreensão do mercado.
Dentre os destaques do mercado brasileiro, ações da VALE ON caíram 5,48%, o que se deve à queda do preço do minério de ferro na China, refletindo as tensões da guerra comercial. Os contratos futuros do minério sofreram desvalorizações pela terceira vez consecutiva, encerrando a sessão a 738,5 iuanes por tonelada. As ações da PETROBRAS PN também recuaram 3,56%, conforme os preços do petróleo se enfraqueceram no mercado internacional, enquanto a empresa permaneceu cautelosa quanto a ajustes nos preços dos combustíveis.
A BRAVA ENERGIA ON analisou uma diminuição de 4,2%, impactada pela queda dos preços do petróleo e pela divulgação de dados de produção que mostraram uma diminuição. O índice das ações da MAGAZINE LUIZA ON apresentou uma queda acentuada de 13,41%, influenciada por uma reavaliação do Citi para “venda/alto risco”, sob um contexto de pessimismo econômico no Brasil.
Sobre a MINERVA ON, houve um recuo de 2,95% após a aprovação de proposta de aumento de capital, que deverá ser analisada em uma assembleia. A categoria de ações de instituições financeiras também apresentou perdas, incluindo o Itaú Unibanco, que fechou com uma leve alta de 0,03%, enquanto Bradesco e Banco do Brasil apresentaram quedas. Em contraste, a CPFL ENERGIA ON registrou uma valorização de 3,39% após o anúncio de apoio em um processo tarifário, o que gerou expectativas de dividendos futuros.
A EMBRAER ON teve um aumento de 0,82%, com declarações do CEO sobre o impacto das tarifas nos custos da empresa, mas que não alterarão os planos. A empresa também mencionou a possibilidade de lançamento de BDRs até o final do ano, evidenciando a continuidade de iniciativas de crescimento.