A corrida pela adoção da inteligência artificial já se intensificou, e muitas empresas sentem a necessidade de se inserir nessa nova era tecnológica. Entretanto, é fundamental que essas organizações reflitam sobre suas estratégias de aprendizado antes de se aventurarem na implementação de soluções de IA.
Discutir inteligência artificial sem considerar o papel das pessoas é um erro. A automação não deve ser abordada sem o devido investimento em educação, e almejar eficiência sem priorizar a adaptabilidade pode se tornar uma armadilha. A verdadeira vantagem competitiva reside na habilidade de aprender e se reinventar constantemente.
De acordo com Peter Senge, autor de “A Quinta Disciplina”, as organizações que efetivamente aprendem são aquelas em que os indivíduos ampliam continuamente sua capacidade de alcançar os resultados desejados. Portanto, empresas que criam ecossistemas de aprendizado conseguem transformar inovações tecnológicas em valor significativo no mercado.
Ainda há uma perspectiva errônea em que o desenvolvimento humano é considerado acessório, levando a iniciativas estagnadas, desperdício de recursos e estratégias insustentáveis. Uma pesquisa recente da BCG revela que apenas 11% das empresas obtêm benefícios tangíveis de suas estratégias de IA, frequentemente devido à falta de preparação técnica e cultural.
Dois caminhos essenciais a serem considerados são o upskilling, que envolve o aperfeiçoamento de habilidades existentes, e o reskilling, que se refere ao desenvolvimento de novas competências. É vital que os líderes compreendam como investir em cada uma dessas abordagens e evitem a aplicação de treinamentos sem um diagnóstico prévio das necessidades.
Organizações que buscam excelência estão reformulando seus programas de aprendizado e desenvolvimento, co-criando trilhas de aprendizado em colaboração com as áreas de negócios e tratando a educação como uma alavanca de geração de valor. Isso se deve ao fato de que a inteligência artificial somente gera resultados eficazes quando operada por pessoas capacitadas e com um propósito claro.
Gary Bolles, autor de “The Next Rules of Work” e presidente da área de Futuro do Trabalho na Singularity, apresenta três dimensões do aprendizado contínuo: habilidades do saber (conhecimento técnico), habilidades flex (como empatia, criatividade e adaptabilidade) e habilidades self (resiliência, autogestão e inteligência emocional).
A questão não é mais se as empresas irão adotar a inteligência artificial, mas sim como elas estão se preparando para aprender a utilizá-la de maneira eficaz.