28 abril 2025
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E-mails Reveladores: A Batalha pelo Controle da Toky

Na semana passada, a disputa entre a família Dubrule e o grupo Toky atingiu um novo nível após a proprietária da Mobly e da Tok&Stok descobrir indícios de uma negociação secreta com a Home24, controladora do Toky. A família Dubrule e a XXXLutz, que possui a Home24, discutiram as condições para remover a cláusula de “poison pill” da Oferta Pública de Aquisição (OPA) proposta pela família, o que pode ser prejudicial para os acionistas minoritários.

O grupo Toky obteve acesso a uma troca de mensagens que revela uma extensa negociação privada entre a família Dubrule e o grupo alemão. Apesar das evidências, os Dubrule alegaram que não estavam envolvidos em ações irregulares. Documentos de e-mails que mostram a cronologia das negociações foram acessados, culminando na remissão da cláusula de “poison pill”.

No começo de abril, durante a integração das marcas Mobly e Tok&Stok, a equipe da Toky recebeu cerca de 41 mil e-mails dos fundadores Regis e Ghislaine Dubrule. Após a unificação dos servidores e o encerramento das contas de e-mail @tokstok.com.br e @mobly.com.br, os Dubrule se queixaram da perda de acesso ao histórico de mensagens. Aproximadamente 400 e-mails que tratavam de negociações com os controladores da Toky desde outubro do ano anterior foram encontrados, muitos com cópias para advogados e consultores financeiros.

Além da documentação de reuniões e propostas, Regis Dubrule enviava lembretes e resumos de negociações de seu e-mail corporativo para seu e-mail pessoal. Em 11 de novembro, Paul Dubrule comunicou a Regis que disponibilizaria 5 milhões de euros para a reestruturação da Tok&Stok, com instruções sobre o acompanhamento de pagamentos e a estrutura a ser utilizada para a revitalização da marca.

Dois dias depois, Regis informou ao escritório Spinelli que Claude-André Deschamps precisaria de uma procuração para efetivar a compra das ações da Mobly detidas pela Home24. Naquela ocasião, não havia uma OPA formalizada; apenas uma negociação privada amparada por um Acordo de Não Divulgação (NDA) assinado em setembro, que garantia exclusividade para a família Dubrule em uma possível transação.

Em 8 de dezembro, Regis comunicou sua equipe que teria uma reunião com Andreas Seifert, CEO da XXXLutz, para discutir “negociação de preço”. Ele também mencionou que em caso de acordo, poderiam abandonar a intenção de comprar sem a aprovaçāo do Cade e o consentimento dos credores.

Em 13 de janeiro, Regis fez um resumo de um diálogo com Seifert, ressaltando que as condições do mercado haviam mudado significativamente em um mês. Seifert observou que a situação das marcas e a disposição para aprender dos gerentes eram promissoras e que não havia urgência para tomar uma decisão imediata.

Em 28 de fevereiro, foram discutidos os passos para o fechamento da Mobly após a aquisição. Em 4 de março, a proposta não vinculante para a OPA foi enviada pela família Dubrule, conforme compartilhado em outro resumo informal. Três dias após, Regis apontou que a XXXLutz não queria que a proposta de adesão fosse utilizada para atrair outros investidores e expressou preocupações quanto à aprovação da retirada da cláusula de proteção.

Em 28 de março, a Home24 solicitou que a retirada da cláusula de “poison pill” fosse incluída na pauta da próxima reunião do conselho. Especialistas consultados afirmaram que a XXXLutz possui liberdade para vender sua participação, respeitando as proteções para acionistas minoritários.

A oferta feita pela família Dubrule foi avaliada em R$ 0,68 por ação, o que representa um financiamento total estimado de cerca de R$ 84 milhões para reassumir o controle da empresa. Esta oferta apresenta um desconto significativo em relação ao preço das ações registrado anteriormente. Com 44,38% das ações ordinárias, a Home24 sugeriu retirar as proteções para viabilizar uma oferta hostil.

Na terça-feira, 22 de abril, o grupo Toky anunciou que tinha coletado evidências suficientes para processar a família Dubrule por ações não declaradas ao mercado. Isso levou o Santander a cancelar uma assembleia geral agendada para discutir a waivers das dívidas.

A Tok&Stok, no contexto de recuperação financeira, emitiu debêntures não conversíveis totalizando R$ 454,4 milhões. A Mobly, por sua vez, realizou uma emissão de debêntures no valor de R$ 132,1 milhões, ambas com prazos e condições específicas. A situação financeira da Tok&Stok revelou um prejuízo consolidado e patrimônio líquido negativo.

As partes não se pronunciaram sobre as questões levantadas.

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