O deputado federal Eduardo Bolsonaro, do PL de São Paulo, reiterou suas críticas ao que considera uma “ditadura” no Brasil e solicitou apoio dos Estados Unidos no combate à “censura” no país. As declarações foram proferidas durante uma transmissão ao vivo no X (antigo Twitter) na quinta-feira, 6, mediada pelo influenciador australiano de direita Mario Nawfal.
Durante a transmissão, estavam presentes participantes como o blogueiro Allan dos Santos, que está foragido nos Estados Unidos após ser investigado no Brasil por disseminação de informações falsas e formação de milícias digitais. O debate girou em torno de um alegado financiamento americano à “ditadura” no Brasil. Eduardo Bolsonaro afirmou que não é possível resolver a situação atual através do Congresso, afirmando que a democracia no Brasil já não existe mais. Ele destacou que espera ajuda dos Estados Unidos devido à tradicional aliança entre os países e à influência que os EUA exercem globalmente.
O deputado mencionou os repasses realizados pela USaid, a Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos, que é frequentemente citada na narrativa de apoiadores de Jair Bolsonaro sobre a suposta interferência de governos democratas americanos nas questões brasileiras. Alega-se, sem evidências concretas, que a USaid teria contribuído financeiramente para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), instituição considerada por alguns como responsável pela implementação de uma “ditadura” no Brasil. Entre 2021 e 2022, a USaid fez doações ao Brasil totalizando quase 30 milhões de dólares, focando em áreas como combate a incêndios e proteção de populações vulneráveis, não havendo registros de doações destinadas ao processo eleitoral.
Eduardo Bolsonaro continuou a enfatizar que, segundo ele, organizações como a USaid e a Fundação Nacional para a Democracia estariam colaborando com a Corte eleitoral brasileira em iniciativas voltadas para a mídia e a formação de juízes. Ele afirmou que seu objetivo não é buscar “privilégios” para Jair Bolsonaro ou outros políticos, mas sim que os Estados Unidos ajudem o Brasil a restaurar os “tempos democráticos”.
O então presidente americano Donald Trump, que é considerado um “aliado” de Bolsonaro, tomou medidas para investigar as atividades da USaid, congelando repasses ano passado sob a justificativa de combater abusos e fraudes.
As declarações feitas por Eduardo Bolsonaro durante a transmissão ao vivo motivaram um pedido de retenção de seu passaporte. No final de fevereiro, deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) protocolaram uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) e uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) alegando que Eduardo cometeu crime de lesa-pátria. O argumento central era que, desde a posse de Trump, o deputado esteve nos Estados Unidos pelo menos três vezes para articular com congressistas um projeto de lei que visava “atacar e constranger” o Supremo, especialmente o ministro Alexandre de Moraes. Moraes recebeu a notificação e encaminhou-a à PGR, que é responsável por emitir parecer sobre a abertura de investigações contra parlamentares.