31 março 2025
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Efeitos Duradouros da Tarifa de Trump sobre Carros: O Que Esperar Após seu Mandato

Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), analisou recentemente o impacto das tarifas sobre veículos instauradas por Donald Trump nos Estados Unidos. Segundo a análise, os efeitos dessas medidas poderão ser observados somente ao final ou até mesmo após o término do atual mandato do presidente americano. O intuito declarado por Trump consiste em revitalizar a indústria norte-americana e estimular montadoras a se instalarem nos Estados Unidos, com o objetivo de gerar novos postos de trabalho.

Entretanto, o ex-diretor da OMC ressalta que esse processo enfrenta obstáculos notáveis. Azevêdo enfatiza que o tempo necessário para o desenvolvimento de investimentos para novas fábricas nos Estados Unidos pode levar de três a quatro anos, considerando que as empresas já tenham tomado a decisão de operar no país, localizado um espaço adequado e adquirido todas as licenças necessárias. Além disso, ele destaca a incerteza gerada por tais políticas: “Ninguém irá iniciar a produção nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar sem conhecer quais são as regras do jogo.” O ex-diretor menciona que analistas tentam compreender e mensurar o impacto nas empresas, mas enfrentam dificuldades devido à falta de clareza nas diretrizes.

A situação se torna ainda mais intrincada ao considerar os diferentes tratados comerciais e tarifas já vigentes. Azevêdo cita o Canadá, que é o terceiro maior fornecedor de automóveis para os Estados Unidos, onde existem dúvidas quanto às tarifas que serão aplicadas e como elas se acumularão com as medidas anteriores. Um caso extremo citado é o dos automóveis elétricos chineses, que poderiam enfrentar uma tarifa total de 172%, resultante da soma de várias ações protecionistas ao longo do tempo.

O ex-diretor traça um paralelo com a Lei Smoot-Hawley de 1930, a qual aumentou significativamente as tarifas nos Estados Unidos. Ele alerta que, embora essa legislação não tenha sido a responsável direta pela Grande Depressão, ela agravou a recessão econômica e levou a retaliações que, em apenas cinco anos, resultaram na redução de dois terços do comércio mundial. Azevêdo expressa sua preocupação com o atual cenário, especialmente considerando as novas tarifas que estão programadas para entrar em vigor em 2 de abril, cujos detalhes ainda não foram divulgados. Essa incerteza pode trazer repercussões significativas para o comércio global e para a economia mundial.

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