7 junho 2025
HomeCotidianoEmpresa acusa MPF de nepotismo em cargos públicos.

Empresa acusa MPF de nepotismo em cargos públicos.

O Ministério Público Federal (MPF) iniciou um procedimento para investigar alegações de um suposto cabide de empregos envolvendo membros da alta administração dos Correios e uma empresa terceirizada que possui contratos com a instituição. O caso refere-se à distribuidora GO2B, que afirma ter sido “vítima de um calote escandaloso” por parte dos Correios. A empresa denuncia que a estatal prioriza pagamentos a empresas que mantêm vínculos com figuras influentes do governo, enquanto outras enfrentam dificuldades financeiras.

A denúncia aponta a ocorrência de “práticas de coerção” e “abuso de poder” por parte de gestores, visando “contratações de interesse particular”, configurando uma vantagem ilícita. Segundo a empresa, a situação enfrentada não é um caso isolado, mas revela um padrão de desvios, fraudes e disfunções institucionais que estariam sendo promovidos ou tolerados por setores chave dos Correios. Este cenário indica a deterioração moral e funcional da estatal, que, de acordo com a denúncia, parece não conseguir separar a gestão pública da proteção a interesses privativos.

Mensagens trocadas via WhatsApp, apresentadas pela GO2B, revelam solicitações frequentes de empregos dirigidas a contatos, inclusive à esposa de um dos diretores dos Correios. Essas solicitações eram frequentemente acompanhadas de promessas de que a estatal quitara dívidas com o fornecedor.

A consulta ao MPF indica que a estatal, por meio de representantes de alta gestão, buscou criar uma impressão de imparcialidade ao se comunicar com a GO2B, simulando uma disposição para resolver pendências contratuais. Esta estratégia tinha como objetivo atrasar a adoção de medidas judiciais pela GO2B, enquanto buscava obter vantagens indevidas por meio de contratações de funcionários terceirizados recomendados por esses mesmos indivíduos.

Os documentos também mencionam mensagens trocadas entre dois dirigentes que possuem forte ligação com a diretoria da estatal. Durante reuniões e negociações realizadas em 2023, um dos gestores, então atuando como gestor regional, utilizou um discurso de “resolução e parceria”, prometendo quitar obrigações da estatal, contudo, estas promessas não se concretizaram.

A postura adotada, segundo a denúncia, visava na verdade criar uma falsa confiança para induzir a GO2B a aceitar contratações de trabalhadores terceirizados indicados por interesses particulares. A coerção nesse contexto foi entendida como uma pressão que limitava a liberdade de decisão da empresa contratada, que se viu obrigada a aceitar indicações por receio de retaliações.

Em uma mensagem datada de 11 de junho de 2023, por exemplo, um dirigente solicitou um emprego para uma mulher, que era sua companheira, afirmando que ela não poderia trabalhar em contratos relacionados aos Correios. O dirigente expressou gratidão pela consideração em oferecer a vaga e prometeu resolver questões administrativas para liberar os pagamentos atrasados. O caso permanece em fase inicial de tramitação no MPF.

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