1 abril 2025
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Entenda a Fascinação de Trump pela Groenlândia: Raízes e Motivos Revelados

Desde o início de seu novo mandato em janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem promovido a ideia de adquirir a Groenlândia, um território autônomo pertencente à Dinamarca. Em declarações recentes, ele não hesitou em afirmar que o uso da força poderia ser considerado para realizar esse objetivo. Em uma entrevista no dia 26, Trump declarou: “Precisamos da Groenlândia para a segurança internacional. Precisamos dela. Temos que tê-la.”

A delegação que se dirigirá à Groenlândia inclui Usha Vance, esposa do vice-presidente, e Michael Waltz, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca. A segunda-dama planeja realizar diversas atividades culturais na ilha, enquanto Waltz já esteve no Ártico junto com o secretário de Energia dos Estados Unidos, Chris Wright, para explorar a região em busca de recursos naturais valiosos. A proposta de aquisição não é bem recebida pela maioria dos groenlandeses, que expressam um forte senso de soberania. As autoridades locais buscam um equilíbrio ao lidar com a pressão de Washington, enquanto a Dinamarca criticou recentemente a crescente pressão dos EUA sobre o território.

Historicamente, o interesse dos Estados Unidos pela Groenlândia não é novo. No século XIX, os EUA adquiriram o Alasca da Rússia, e a Groenlândia foi vista como uma possível próxima adição ao território americano. Em 1910, os EUA tentaram novamente adquirir a ilha, mas a proposta não avançou. Durante a Segunda Guerra Mundial, preocupações em relação a uma potencial incursão nazista na Groenlândia levaram à instalação de bases militares americanas na região. Após a guerra, os EUA ofereceram este território à Dinamarca em troca de compensação, mas a proposta não foi aceita.

Nas décadas seguintes, o interesse americano pela Groenlândia diminuiu, especialmente após a ilha se tornar parte do território da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em 1953. Entretanto, durante o primeiro mandato de Trump, o tema ressurgiu. O ex-presidente formou uma equipe para discutir a possível compra da ilha, mas a situação foi inicialmente tratada de forma sigilosa até que os detalhes vazaram para a mídia. Embora na época o assunto tenha sido tratado com ironia, o discurso de Trump em seu segundo mandato indica um tratamento mais sério.

O interesse na Groenlândia está diretamente ligado a questões geopolíticas. A ilha, com cerca de 57 mil habitantes, tem se tornado um foco estratégico em função do derretimento das calotas polares. Isso facilita o acesso a recursos minerais, petróleo e gás, além de criar novas rotas de navegação. Potências como Rússia e China estão intensificando suas atividades militares na região, que também é disputada por várias nações, incluindo as da Europa, Canadá e Estados Unidos.

O derretimento das camadas de gelo pode possibilitar três rotas marítimas significativas: a Rota do Mar do Norte, que conecta o Mar de Barents ao Estreito de Bering; a Passagem do Noroeste, que percorre a costa do Ártico da América do Norte; e a Rota do Mar Transpolar, que atravessa o Polo Norte. Tais rotas encurtariam viagens comerciais entre a Ásia, América do Norte e Europa, gerando economias significativas em combustível e custos trabalhistas, além de evitar canais congestionados que cobram taxas.

A Groenlândia também possui um potencial mineral considerável. Estima-se que a região detém 13% do petróleo não descoberto do mundo e 30% do gás natural não explorado. Os chamados minerais “verdes”, que estão se tornando mais acessíveis devido ao aquecimento global, incluem cobalto, grafite, lítio, níquel, zinco, cobre e terras raras, que são vitais para a indústria de tecnologia limpa e militar. A Groenlândia é especialmente rica em tais recursos, possuindo reservas significativas que somam 42 milhões de toneladas.

A Groenlândia, que se tornou um território oficialmente em 1953, começou a ganhar autonomia em 1979. Apesar disso, a Dinamarca ainda mantém controle sobre ações em áreas como relações exteriores, defesa e política monetária, contribuindo com aproximadamente US$ 1 bilhão anualmente para sua economia. Embora um referendo em 2009 tenha dado aos groenlandeses a possibilidade de declarar independência, muitos temem que a falta de apoio econômico dinamarquês possa levar à perda de padrão de vida.

As declarações de Trump sobre a Groenlândia refletem uma abordagem mais ampla e expansionista em seu segundo mandato, que também abrange interesses em outras áreas, como o Canadá e o Canal do Panamá.

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