19 março 2025
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Entenda o Interesse da Rússia na Crimeia: Fatores Cruciais e Consequências

A Crimeia, uma península estrategicamente situada no Mar Negro, tem sido um ponto de discórdia entre a Rússia e a Ucrânia durante séculos, principalmente devido às suas bases navais e litorais. Em 2014, foi anexada pela Rússia, e desde então, continua a ser um dos principais focos do conflito entre as duas nações, contribuindo para a invasão em larga escala da Ucrânia em 2022.

A Crimeia possui uma posição geográfica que a torna crucial para o controle do Mar Negro. Sua importância foi reconhecida ao longo da história, levando várias potências a disputarem sua dominância. Originalmente, a península era habitada pelos tártaros de língua turca. No século XVIII, foi anexada pelo Império Russo, mas obteve brevemente sua independência como uma república tártara duas centenas de anos depois. Em 1944, aproximadamente 200 mil tártaros foram deportados para a Ásia Central pelo líder soviético Josef Stalin, sob a acusação de colaboração com os nazistas, uma alegação contestada por muitos historiadores.

Em 1954, o então líder soviético Nikita Khrushchev transferiu a Crimeia da Rússia para a Ucrânia quando ambas faziam parte da União Soviética. Essa transferência ocorreu em comemoração ao 300º aniversário da unificação de Moscou e Kiev. Após o colapso da União Soviética em 1991, a Crimeia permaneceu sob controle da Ucrânia, embora a frota naval russa continuasse a ser localizada em Sebastopol, sua cidade portuária.

A crise na Crimeia teve início após a derrubada do presidente ucraniano pró-Rússia, Viktor Yanukovich, em fevereiro de 2014, durante protestos populares em Kiev. Em resposta a essa situação, a Rússia enviou tropas para a península e organizou um referendo sobre sua posse. Embora o plebiscito tenha sido rejeitado tanto pela Ucrânia quanto pelo Ocidente, serviu como base para que o presidente Vladimir Putin formalizasse a anexação da Crimeia à Rússia, um ato que elevou sua popularidade de 65% para 86% no país, mas que também deteriorou as relações com o Ocidente. Em retaliação, Estados Unidos e União Europeia impuseram sanções econômicas contra Moscou. A Ucrânia, por sua vez, perdeu o controle de um território que era parte de sua identidade nacional há 60 anos. O primeiro presidente independente da Ucrânia, Leonid Kravchuk, destacou que a península recebeu cerca de US$ 100 bilhões em investimentos entre 1991 e 2014.

As semanas seguintes à anexação foram marcadas por combates entre milícias pró-Kremlin e forças ucranianas no leste da Ucrânia. Esses confrontos persistiram até fevereiro de 2022, quando Putin reconheceu Donetsk e Luhansk, regiões ucranianas devastadas pela guerra, como estados independentes, pouco antes de lançar a invasão em grande escala na Ucrânia.

Durante o conflito, a Crimeia tem funcionado como um ponto de partida para a ocupação de várias partes do sul da Ucrânia, incluindo regiões estratégicas como Kherson e Zaporizhzhia. Um alto oficial militar russo declarou que um dos principais objetivos da invasão do território ucraniano era garantir um corredor terrestre para a Crimeia, conectando as regiões ocupadas de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, manifestou a intenção de retomar o controle da Crimeia, inicialmente por meios diplomáticos, mas passou a considerar a abordagem militar após a invasão russa. Desde então, a Ucrânia tem realizado ataques contra alvos russos na península, incluindo a Frota do Mar Negro e a Ponte da Crimeia, que conecta a região ao território russo continental. Atualmente, com a possibilidade de negociações de paz, há a expectativa de que a Crimeia possa ser concedida permanentemente à Rússia como parte de um potencial acordo.

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