Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, foi o primeiro a depor em um interrogatório que reuniu outros sete réus em uma ação penal relacionada à tentativa de golpe de Estado. Este evento gerou forte mobilização tanto entre os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro quanto do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Cid, ao firmar um acordo de colaboração premiada, garante que os demais acusados terão a oportunidade de ser ouvidos por último. Durante a sessão de hoje, foram ouvidos Cid e o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
As declarações de Cid a respeito de uma minuta de golpe encontraram grande repercussão entre grupos bolsonaristas. Ele confirmou que Bolsonaro recebeu e revisou a minuta, embora não tenha assinado. Essa informação foi amplamente divulgada em redes sociais por políticos como Gustavo Gayer e Bruno Zambelli, que alegaram que o depoimento corroborava a inocência de Bolsonaro.
Em resposta a estes eventos, o Partido dos Trabalhadores convocou seus filiados a se mobilizarem nas redes sociais, utilizando mensagens que incentivavam a preparação para acompanhar o interrogatório. A atenção se intensificou quando figuras do partido interpretaram as declarações de Cid como uma confirmação do intento golpista de Bolsonaro.
Cid também revelou que, no documento inicial, estavam previstas prisões de diversas autoridades do Judiciário e do Congresso, mas que Bolsonaro teria editado esse conteúdo, restringindo as prisões apenas a Alexandre de Moraes. O ex-ajudante de ordens declarou que apenas presenciou os fatos, mas não participou ativamente deles.
A minuta que continha essas propostas teria sido enviada a Bolsonaro por Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais. O ministro Luiz Fux, do STF, mostrou ser um ponto de destaque entre os bolsonaristas, tendo adotado uma postura de revisor no caso em questão. Durante a análise das preliminares da ação penal, Fux foi o único a divergir da posição de Moraes a favor do julgamento dos réus na Primeira Turma em vez do plenário do STF.
Após o depoimento de Cid, os outros réus que comparecerão em ordem alfabética incluem Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
