25 abril 2025
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Entenda por que o papa Francisco não será sepultado no Vaticano

O Papa Francisco faleceu na segunda-feira, 21 de abril, aos 88 anos, e decidiu romper com a tradição ao escolher seu local de sepultamento, optando por uma basílica iluminada em vez das grutas do Vaticano. Os papas costumam ser sepultados na Cidade do Vaticano, sob a Basílica de São Pedro, mas Francisco será o primeiro papa em mais de um século a ser enterrado fora do Vaticano, tendo solicitado um túmulo “simples” na Basílica de Santa Maria Maior, que está localizada a alguns quilômetros de distância. O funeral do papa está agendado para sábado, 26, na Praça São Pedro, antes de seu corpo ser levado para o sepultamento na basílica, que se encontra do outro lado do Rio Tibre, no centro de Roma. No seu testamento, o papa expressou a vontade de que o túmulo fosse enterrado de forma simples, sem decoração e com apenas a inscrição “Franciscus”.

Apesar da simplicidade do túmulo, a Basílica de Santa Maria Maior é conhecida por sua beleza, brilhando com a luz do sol e ornada em ouro. Seu teto é revestido com madeira dourada, e a luz natural que entra através das janelas altas ilumina os ricos mosaicos que decoram a parte central da igreja. Desde o falecimento do papa, fiéis e visitantes têm se reunido na basílica para ver o local querido por Francisco. A Basílica, erguida sobre uma das sete colinas da Roma Antiga, é uma das quatro basílicas papais, e sua torre do sino, com 75 metros, é a mais alta da capital italiana, tornando-se um ponto emblemático da cidade.

A história da basílica é repleta de lendas. Reza a história que a Virgem Maria teria pedido ao papa Libério e a um aristocrata italiano que construíssem a igreja em sua homenagem, revelando milagrosamente o local onde deveria ser edificada. O Monte Esquilino foi o local escolhido após uma queda de neve ocorrida em agosto de 358. A celebração do “Milagre da Neve” ocorre anualmente na basílica, em 5 de agosto. A estrutura atual foi encomendada pelo papa Sisto III, em 431, e muitos dos mosaicos dentro dela datam dessa época, além de colunas clássicas trazidas de outras construções, todas sob uma fachada neoclássica que foi adicionada no século XVIII.

A igreja tem um significado especial para o Papa Francisco, que costumava visitá-la para honrar a Virgem Maria, especialmente nas manhãs de domingo. Ele também ia até a basílica antes e após viagens ao exterior, além de visitas hospitalares, para rezar ao ícone mariano Salus Populi Romani, buscando proteção em suas viagens apostólicas, uma prática comum na tradição jesuíta. O local é de grande importância emocional para Francisco, que iniciou seu primeiro dia completo como líder da Igreja Católica lá, em 2013.

Recentemente, após deixar o hospital, a Basílica de Santa Maria Maior foi o primeiro lugar que o papa visitou, onde ofereceu flores ao ícone da Virgem Maria antes de retornar ao Vaticano. Em dezembro de 2023, Francisco declarou sua intenção de ser sepultado na basílica, afirmando sentir uma “conexão muito forte” com o local e mencionando que um “local já está preparado” para seu sepultamento. O papa expressou seu desejo de simplificar os funerais papais, mencionando que queria “estrear um novo ritual”.

Francisco será o primeiro papa sepultado na Basílica de Santa Maria Maior em mais de 300 anos. Outros sete papas já foram enterrados nesta basílica, mas ele será o primeiro a não ser sepultado na Basílica de São Pedro desde a morte de Leão XIII, em 1903. O último papa a ser sepultado em Santa Maria Maior foi Clemente IX, em 1669. Além disso, Francisco rompeu algumas tradições ao se recusar a residir no Palácio Apostólico, preferindo um apartamento na residência de hóspedes do Vaticano, conhecida como Santa Marta. Ao longo de sua vida, ficou evidente sua aversão ao luxo, como demonstrado pelo seu uso do metrô em Buenos Aires e pelo fato de usar um carro modesto durante seus deslocamentos no Vaticano.

No dia seguinte ao falecimento do Papa Francisco, a Basílica de Santa Maria Maior experimentou um aumento significativo no número de visitantes, com centenas de enlutados e fiéis presentes. Embora a atmosfera estivesse carregada de emoção, não era sombria. A missa da tarde começou com música animada. Vários visitantes descreveram como a experiência de estar no local era extraordinária, e uma católica brasileira que viajou a Roma para a Páscoa expressou sentimentos de esperança a respeito do futuro da Igreja sob a liderança de um novo papa, destacando a importância do amor e empatia — valores que Francisco sempre promoveu em sua missão.

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