A VTEX, uma empresa brasileira de soluções em e-commerce, recebeu atenção significativa no final de março, quando analistas do Itaú BBA e do BTG Pactual publicaram relatórios detalhando as perspectivas para a companhia. Embora as projeções de curto prazo sejam consideradas mais fracas, o BTG expressou otimismo, afirmando que a ação representa uma “oportunidade rara de compra”. Por sua vez, o Itaú BBA concluiu que a dependência da VTEX em relação à expansão internacional é menor do que se supunha.
Com ações listadas na Bolsa de Nova York e avaliação de US$ 813,4 milhões, a VTEX reportou uma queda de quase 47% no valor de suas ações nos últimos 12 meses. Para reverter esse cenário, a empresa definiu suas prioridades, com ênfase no mercado B2B. Mariano Gomide, cofundador e co-CEO da empresa, destaca que o varejo brasileiro se transformou nos últimos dez anos, e agora é o momento para as indústrias também evoluírem, considerando que esse mercado ainda possui grande potencial.
Apesar das observações feitas pelo Itaú BBA, a VTEX planeja continuar sua expansão fora do Brasil, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, buscando conquistar clientes de maior porte. Essas movimentações podem incluir fusões e aquisições (M&A) nessas regiões, conforme ressalta Gomide, que vê um bom momento para realizar investimentos maiores.
Em relação aos resultados financeiros, a VTEX registrou uma receita de US$ 226,7 milhões em 2024, um crescimento anual de 12,5%. O Brasil representou 57% desse total, com a América Latina contribuindo com 32% e o restante do mundo, 11%. Gomide demonstra confiança em aumentar a presença global da VTEX.
A decisão da VTEX em deixar a Mach Alliance, uma associação que promove tecnologias para comércio digital, gerou significativas discussões no setor. Isso é um reflexo das mudanças nas dinâmicas do varejo e do uso de tecnologia, conforme abordado por Gomide durante entrevistas.
Sobre as tarifas comerciais implementadas anteriormente, a empresa analisa com cautela os efeitos no mercado. Gomide destaca que essas tarifas podem gerar uma crise de confiança, com impactos imprevisíveis na economia. O comportamento das empresas durante crises econômicas pode favorecer a VTEX, que busca ser um consolidado do setor, especialmente em tempos de instabilidade.
A VTEX está posicionada para enfrentar desafios e ampliou sua produtividade nos últimos dois anos, criando uma operação saudável. A capacidade de crescimento inclui também a realização de fusões e aquisições, com foco em expansão nos mercados americano e europeu e potenciais aquisições menores na América Latina.
Para 2025, as metas incluem a continuação da expansão global e o fortalecimento no segmento B2B, aproveitando o potencial inexplorado. O B2B no Brasil, ainda engessado por modelos de negócios tradicionais, apresenta oportunidades significativas, especialmente com a crescente demanda por soluções digitais mais eficientes.
Atualmente, a VTEX considera que a maioria das indústrias norte-americanas ainda requer substituições em seus sistemas de gestão, o que abre espaço para a empresa se firmar em um mercado que busca modernização e eficiência.
No que diz respeito ao B2C, a VTEX enxerga um longo caminho de crescimento, especialmente com a necessária reestruturação que está em curso, impulsionada pela tecnologia e pelas mudanças nas expectativas do mercado.
A análise financeira da VTEX para 2024 revela um período de ajustes nas operações, com reduções na equipe e foco na entrega de resultados que a solidificam como uma líder não apenas no Brasil, mas em uma escala global. A empresa começou a conquistar contratos significativos em novos mercados e a sua presença em processos de seleção de fornecedores está aumentando.
A VTEX continua a se expandir nos Estados Unidos, estabelecendo novas unidades de negócio e buscando validação nas operações locais. A reação do mercado às ações da empresa, que estão abaixo do valor de IPO, ilustra os desafios enfrentados, porém a administração da VTEX enfatiza a importância da criação de valor a longo prazo, em lugar de se concentrar apenas nas flutuações de mercado.
Por fim, a saída da VTEX da Mach Alliance foi motivada pela percepção de que a liberdade de escolha no uso de tecnologias estava se tornando um fardo financeiro para os varejistas, comprometendo a sustentabilidade de seus modelos de negócio. A empresa pretende continuar a defender essa visão, manifestando-se contra práticas que não favorecem a eficiência e a rentabilidade.