Uma estudante do campus Guarujá da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) apresentou uma denúncia relatando ter sido alvo de racismo e ofensas por parte de colegas. O incidente, ocorrido em 18 de fevereiro, ganhou destaque após a estudante compartilhar um vídeo em suas redes sociais expondo a situação. A vítima formalizou um boletim de ocorrência, e o caso está sendo investigado pela Delegacia de Polícia do Guarujá, que está averiguando os crimes de racismo, injúria racial, difamação e ameaça.
De acordo com a estudante, a hostilidade começou após a publicação de um vídeo onde ela falava sobre sua vivência como mulher negra, mãe solteira, técnica de enfermagem e estudante de medicina em uma instituição privada. No vídeo, a aluna discute as dificuldades que enfrenta para equilibrar os estudos com turnos noturnos de trabalho, ao mesmo tempo em que relata os desafios de se inserir em um ambiente que considera “elitista”.
Após a divulgação do vídeo, a estudante relatou ter sido abordada agressivamente por duas colegas, sendo uma delas representante de classe, que a acusaram de generalizar o comportamento dos alunos. No mesmo dia, conforme seu relato, um grupo de estudantes se organizou para bloquear seu caminho, fazendo comentários racistas tais como “Quer que a gente venha mal arrumada? Quer que a gente pinte a nossa pele de preto?”. A estudante acredita que essas ações visavam forçá-la a apagar o vídeo de suas redes sociais.
A coordenação da universidade realizou uma reunião sobre o caso, mas, segundo a aluna, não tomou medidas adequadas. Ela afirma que apenas após a publicação de um segundo vídeo é que a instituição decidiu afastar a representante de turma e iniciar uma sindicância para apurar a situação em relação às demais alunas. A advogada que representa a estudante classificou o incidente como um “linchamento moral”, criticando a postura da universidade, que teria demorado a fornecer as imagens das câmeras de segurança e a afastar as alunas implicadas.
A universidade teria justificado a conduta das agressoras, alegando que eram “imaturas” e que “perderam a cabeça”, o que, segundo a advogada, seria uma tentativa de minimizar a gravidade da situação. O regimento interno da instituição proíbe expressamente ações como bullying, agressão verbal e física, exclusão social e disseminação de rumores que possam prejudicar a reputação de indivíduos, considerando esses atos como indisciplina grave.
Em uma declaração oficial, a Unoeste afirmou que está acompanhando a situação e designou professores e psicólogos para investigar os fatos e oferecer suporte à estudante. A liberação das imagens das câmeras de segurança, conforme indicado pela universidade, está sujeita a uma análise jurídica.