14 abril 2025
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Estudo Descobre Quando e Como os Peixes Colonizaram a Terra

Uma nova pesquisa científica revelou detalhes intrigantes sobre a história de um lago de alta montanha localizado nas montanhas dos Pirineus, na Espanha, indicando que peixes podem ter sido introduzidos por humanos já no século VII. Esta descoberta, divulgada na revista Nature Communications, desafia as noções anteriores acerca da presença de peixes em lagos isolados nas montanhas da Europa.

Tradicionalmente, acreditava-se que os lagos de alta montanha eram naturalmente desprovidos de peixes, devido a barreiras naturais, como quedas d’água acentuadas, que dificultavam o acesso a esses animais. Os registros históricos geralmente apontavam que a introdução de peixes nesses ambientes começou a ser documentada somente a partir dos séculos XIV e XV, frequentemente vinculado a questões de direitos de pesca e comércio. No entanto, pesquisadores decidiram investigar a possibilidade de que essa prática pudesse ter ocorrido significativamente antes, utilizando DNA antigo preservado nos sedimentos do Lago Redon para essa análise.

Uma equipe de cientistas, coordenada por Elena Fagin e Jordi Catalan, conduziu uma análise de um testemunho sedimentar de 30 centímetros, correspondente a 3.200 anos de história do lago. Curiosamente, não foi encontrado DNA de peixes nas amostras. Entretanto, a pesquisa explorou uma abordagem indireta para determinar a presença de peixes: através do DNA de seus parasitas. Os parasitas, assim como plantas e animais, deixam vestígios de seu material genético no ambiente, permitindo inferências sobre a presença de seus hospedeiros.

Analisando o DNA presente em diferentes camadas sedimentares, que refletem temporais distintos, os cientistas identificaram DNA de parasitas de peixes que datam do século VII d.C. Um dos parasitas mais relevantes identificados foi o Ichthyobodo, que é comum em peixes como as trutas. Notou-se uma evidência consistente da presença desses parasitas começando a aparecer no registro sedimentar a partir do século IX.

Essa nova evidência se alinha com descobertas arqueológicas que indicam uma intensa atividade humana na região durante os períodos tardio-romano e visigótico, aproximadamente no século VII, que incluíam o uso extensivo das montanhas para o pastoreio de ovelhas. O aumento na produção primária do lago, identificado através da análise de pigmentos fotossintéticos nos sedimentos, sugere um impacto crescente das atividades humanas no ecossistema. Os pesquisadores levantam a hipótese de que a introdução de peixes pode estar relacionada a essa maior interação humana com o ambiente montanhoso.

Esse estudo inovador destaca o valor do DNA antigo sedimentar para revelar aspectos históricos e impactos ambientais humanos em ecossistemas remotos que não são documentados por registros convencionais. A análise do DNA de parasitas provou ser uma ferramenta eficaz em situações onde a detecção direta do DNA do hospedeiro, que neste caso seria o peixe, não é viável.

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