2 março 2025
HomeTecnologiaEstudo questiona a existência da energia escura no Universo

Estudo questiona a existência da energia escura no Universo

#EnergiaEscura #ExpansaoDoUniverso #Astrofisica #Cosmologia #DescobertasCientificas

O conceito de energia escura foi introduzido pelos cientistas em 1998 para explicar a acelerada expansão do universo, servindo como uma metáfora para um fenômeno ainda não totalmente compreendido pela ciência. A verdade é que, para solucionar a questão da aceleração do universo, os físicos precisaram adicionar um novo componente a suas equações, visto que os cálculos baseados na teoria da relatividade geral não correspondiam aos dados observados no cosmos. Assim, a energia escura foi proposta como uma solução provisória para contabilizar a energia necessária que impulsiona essa aceleração.

Recentemente, uma equipe de físicos e astrônomos da Universidade de Canterbury, localizada em Christchurch, Nova Zelândia, decidiu questionar a visão convencional acerca da expansão do universo. Em um estudo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society: Letters, eles analisaram dados espectroscópicos que indicam a variação no brilho das supernovas ao longo do tempo. Este novo método indicou fortemente que “o universo está se expandindo de maneira mais variada e ‘desorganizada'”, conforme informado em um comunicado à imprensa.

O modelo atualmente aceito na cosmologia, conhecido como Lambda-CDM, propõe um universo em que a energia escura, representada pela letra grega “Λ”, é a responsável pela aceleração observada na expansão do cosmos. Nesse modelo, as galáxias estão conectadas por uma teia invisível de matéria escura, composta de partículas pesadas que interagem de modo muito limitado, mas cuja presença é detectável através da gravidade. Neste contexto hipotético, a energia escura, que compõe cerca de 70% do universo, é a justificativa para a aceleração notada em explosões de supernovas, que parecem localizadas a uma distância maior do que se esperaria, caso o universo não estivesse se expandindo.

Atualmente, o modelo de expansão do universo está passando por revisões devido a novas evidências, como a análise do brilho residual do Big Bang, também conhecido como radiação cósmica de fundo. Esta radiação indica que o universo primitivo encontra-se em desacordo com a expansão vigente. Além disso, dados recentes obtidos pelo Instrumento Espectral de Energia Escura (DESI) sugerem que o modelo ΛCDM, que assume que a energia escura é constante, não se adapta a novas dinâmicas onde essa energia evolui ao longo do tempo.

O novo modelo, chamado Timescape, apresenta uma proposta que, em certos aspectos, retoma ideias de Einstein, afirmando que a gravidade desacelera o tempo. As evidências coletadas neste recente estudo apoiam o modelo Timescape, que descreve a expansão cósmica como uma “paisagem temporal”. Esta nova abordagem não faz uso da energia escura, pois as diferenças observadas no alongamento da luz não são atribuídas a uma aceleração do universo, mas sim à maneira como calibramos tanto o tempo quanto a distância.

O modelo sugere que, de acordo com a teoria de Einstein, a gravidade pode desacelerar o tempo. Por exemplo, um relógio teórico ideal situado no espaço vazio funcionaria de forma mais acelerada em comparação a um relógio localizado dentro de uma galáxia. Dentro da nossa Via Láctea, esse relógio seria, paradoxalmente, cerca de 35% mais lento do que em vastas regiões vazias do cosmos, onde bilhões de anos poderiam transcorrer mais rapidamente em comparação ao tempo na Terra. Para o líder da pesquisa, a ideia de energia escura representa uma identificação incorreta das variações na energia cinética de expansão, que não ocorre de maneira uniforme em um universo tão irregular e complexo como o que habitamos.

Nesse contexto, o professor responsável pela pesquisa, David Wiltshire, afirma que os dados e argumentos apresentados estabelecem uma nova maneira de entender como o cosmos se expande e os diversos mistérios que envolvem este processo. A pesquisa abre caminhos promissores, com a expectativa de que, com dados adicionais, o maior enigma do cosmos poderá ser resolvido até o final da década. Além do mais, existe a hipótese de que a matéria escura pode ter se originado em um evento que poderia ser chamado de “Big Bang Escuro”, ampliando ainda mais as fronteiras da nossa compreensão sobre o universo e seus fenômenos.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
- Publicidade -

NOTÍCIAS MAIS LIDAS

error: Conteúdo protegido !!