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Um estudo realizado por uma organização independente investigou como deputados e senadores utilizaram as mídias sociais para moldar as opiniões que levaram à revogação das novas regras de monitoramento de transações acima de 5.000 reais feitas pelo Pix. O tema ganhou destaque especialmente após um vídeo em que um deputado levantou questionamentos sobre as intenções do governo em relação a uma instrução normativa. A análise de como o assunto foi repercutido nas plataformas X, YouTube, TikTok e Telegram ocorreu entre 15 e 19 de janeiro de 2025.
Nikolas Ferreira destacou-se como a figura mais influente na discussão, superando outros perfis nas redes sociais analisadas. Com cinco postagens no X, ele engajou cerca de 258.300 usuários e alcançou uma audiência de aproximadamente 22,9 milhões na plataforma. Excluindo outras figuras da política, o deputado foi responsável por 6,6 milhões de interações em todas as redes. O segundo lugar foi ocupado por Erika Hilton, que, com um vídeo contrário à taxa do Pix, teve um engajamento de 2 milhões. Em seguida, Gustavo Gayer e Carla Zambelli apareceram com 1,4 milhão e 1,2 milhão de interações, respectivamente. Entre os senadores, Flávio Bolsonaro foi o que obteve mais engajamento.
De acordo com o relatório, a revogação relacionada ao Pix mobilizou intensamente os parlamentares, com as interações da direita representando 78,25% do total. Entre os representantes de esquerda, Hilton, Guilherme Boulos e Gleisi Hoffmann foram os que mais repercutiram nas redes, embora a esquerda tenha contribuído com apenas 17,2% das interações sobre o tema. O centro, representado principalmente por André Janones, teve 4,6% das interações. O levantamento também destacou a batalha de narrativas, com a direita considerando a revogação como uma conquista popular, enquanto a esquerda criticava Ferreira e denunciava a desinformação. As narrativas predominantes à esquerda envolviam acusações de fake news e falhas de comunicação do governo, contrapostas por comentários da direita que associavam o caso ao descontentamento com o governo atual.
O cenário nas redes sociais foi amplamente dominado pelo PL, que publicou 518 conteúdos e gerou interações com 12,7 milhões de usuários, representando 69,4% do total. O PSOL ficou em segundo lugar, mas com números bem inferiores, realizando 47 publicações que resultaram em 2,3 milhões de interações. O Democracia Cristã ficou em terceiro com 4,48% das interações, enquanto o PT, apesar de ter feito 407 postagens, registrou apenas 3,3% do total. Outras siglas como União Brasil, Podemos, Republicanos e Avante também tiveram presença, mas sem alcançar significativas porcentagens nas interações.
O caso em questão tratava de uma instrução normativa que exigia a comunicação de transações financeiras superiores a 5.000 reais, realizadas por fintechs e bancos digitais, à Receita Federal, similar ao já estabelecido para instituições financeiras tradicionais. Em 16 de janeiro, enfrentando uma onda de desinformação, o ministro da Fazenda e o secretário do Fisco convocaram uma coletiva para suspender as novas regras. Durante o evento, foi mencionado que a Polícia Federal abriria uma investigação para identificar aqueles responsáveis por disseminar informações, consideradas falsas, a respeito do assunto. Um argumento claro para a decisão do governo foi o fato de que as transações por meio do Pix, no intervalo entre 1º e 14 de janeiro, apresentaram uma diminuição de 15,3% em comparação com o mês anterior.