sexta-feira, janeiro 31, 2025
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Estudo revela influência dos hormônios femininos na dor

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Um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) destacou a influência dos hormônios sexuais femininos na sensibilidade à dor. Conduzida no Programa de Pós-Graduação em Biologia de Sistemas do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), a pesquisa investiga como o ciclo estral — conjunto de alterações fisiológicas que ocorrem em fêmeas mamíferas e que são causadas por hormônios reprodutivos — afeta a percepção de dor em ratas Wistar, revelando variações significativas ao longo das fases hormonais. O trabalho, sob a liderança de Natasha Farias Marques e orientação da professora Marucia Chacur, mostra que a sensibilidade à dor aumenta durante o diestro, fase do ciclo caracterizada por baixos níveis hormonais.

A reposição de progesterona em ratas cujos ovários foram removidos demonstrou ter um efeito protetor em relação à dor, enquanto o estradiol não apresentou impacto relevante até o momento, conforme explicado por Marques em uma declaração. O estudo ressalta não apenas os efeitos dos hormônios sexuais femininos na saúde, mas também a importância de incluir um número maior de fêmeas nas pesquisas científicas. A professora Chacur observa que a maioria dos estudos utiliza apenas machos, pois suas variações hormonais não influenciam os resultados, o que limita a compreensão das diferenças biológicas e dificulta o avanço em tratamentos personalizados.

Para alcançar as conclusões, a pesquisa adotou métodos éticos e rigorosos ao avaliar a sensibilidade à dor em diferentes fases do ciclo estral. Entre os métodos utilizados estavam testes de pressão na pata, estímulos táteis e a coleta de lavado vaginal para monitorar as fases do ciclo — um procedimento não invasivo que se assemelha ao exame papanicolau. Além disso, parte das ratas utilizadas na pesquisa passou por ovariectomia, simulando uma condição de menopausa, permitindo assim a análise dos efeitos da reposição hormonal.

Os dados obtidos indicam que a progesterona diminui a sensibilidade à dor, apontando para seu potencial como base para futuras terapias. Chacur afirma que pesquisas desse tipo são essenciais para o progresso científico e para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e personalizados. O estudo recebeu uma menção honrosa no Congresso da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC) e, em abril de 2025, os resultados serão apresentados no 14º Congresso da Federação Europeia da Dor (EFIC), em Lyon, França, promovendo discussões sobre a relevância de estudos que considerem as diferenças biológicas entre os sexos.

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